Narrado por Zalea

A confiança não é um dom que se constrói em dias. É um sussurro frágil, um fio tênue que pode se romper ao menor toque. Eu ainda não sabia se podia confiar em Leonid. Seus gestos eram silenciosos demais, suas promessas doces demais para um mundo que me ensinou a desconfiar de tudo que reluz.

Mas havia algo nele que diluía meus espinhos. Algo em sua presença fazia as sombras dentro de mim se acomodarem. Não era segurança — era o eco de algo mais antigo, quase esquecido: cuidado.

Quando ele mencionou meu avô, senti uma onda de lembranças sem forma, como se fantasmas quisessem falar, mas não soubessem a língua. Parte de mim queria gritar, arrancar respostas, saber o que meu pai havia escondido. Mas outra parte — a parte ferida, calejada — apenas recuou. E se fosse mais uma armadilha? E se Leonid, como todos os outros, também me arrancasse o pouco que restou?

O devaneio cessou quando voltamos à mesa e os pratos fumegantes foram servidos. O aroma da comida se misturava ao