Narrado por Zalea Baranov
O carro levou Dione para casa e depois a senhora Constantine.
Fiquei observando as sombras se alongarem pelo vidro da janela, como se a própria noite estivesse se arrastando em direção a mim, em silêncio. Assim que cheguei em casa, estranhei. Era cedo demais para Leonid estar ali. A casa estava mergulhada em uma calma atípica, como se guardasse algo em segredo.
Desci do carro com o vestido ainda em minhas mãos — o tecido branco parecia mais pesado do que era, como se carregasse em si a responsabilidade de um futuro que eu ainda temia tocar por completo.
— Encontrou algo que goste? — ele perguntou, a voz baixa, firme, como se soubesse que a resposta carregava mais do que moda ou vaidade.
— Ele foi meio caro… mas ele… ele tocou minha alma — respondi, com um leve sorriso — Mas me diga, o que faz em casa nesse horário?
Leonid estreitou os olhos com um sorriso sutil, quase travesso.
— Vamos dizer que eu tenho uma surpresa para minha noiva.
— Tem, é? E o que seria?