Narrado por Leonid Raskolnikov

Eles me disseram para esperar.

Mas como se espera com o mundo sangrando por dentro?

A luz branca do hospital parecia zombar da escuridão que carregava nos ombros. Cada passo que eu dava entre aquelas paredes assépticas era como andar sobre gelo fino — e sob meus pés, os abismos de todos os meus medos.

Vi o sangue no chão da sala quando a porta se abriu.

Vi as mãos trêmulas de uma enfermeira.

Vi meu próprio reflexo no vidro da UTI neonatal, distorcido, como se já estivesse chorando por fantasmas que ainda não haviam nascido.

Mas então…

Ouvi o som.

O primeiro.

O choro de um menino.

Agudo, fraco… mas teimoso.

Como se dissesse ao mundo: eu vim, e não me entrego.

Meu coração quase caiu.

Eu quis gritar. Correr. Rasgar aquele vidro com os punhos.

Mas tudo o que fiz foi me aproximar — como se tocasse uma relíquia.

Ele estava lá. Tão pequeno que parecia feito de vidro soprado.

Meu filho.

Meu herdeiro.

Mas o destino, esse deus perverso que rege meus dias, ainda nã