Eliz aceitou um casamento arranjado pelo bem de sua matilha, o que não vinha no contrato era que o Supremo teria permissão para ter outras enquanto ela deveria se guardar e se dedicar exclusivamente a ele. Mesmo descobrindo ser sua companheira de alma, não daria o gostinho à ele de submetela ao vínculo de almas. Ela fugiu se escondeu, conviveu em outra matilha, conheceu outros guerreiros. O Supremo pode até obrigala a voltar, mas não pode obrigar ela a confiar e nem a amar. Por sua vez sua loba Nara insiste em dar outra chance ao traidor. Será que Eliz vai conseguir perdoar a traição? ou algum lobo solitário de outra matilha a conquistará? Adam está acostumado a mandar e ser obedecido, vê a fuga da sua noiva como um ato de rebeldia e insubordinação e ele não deixará Eliz humilhar sua matilha publicamente com uma rejeição.
Ler maisEliz
Caminhava com o convite do meu aniversário de dezesseis anos nas mãos. Eu mesma deveria entregá-lo ao Alfa Supremo do Norte. Nossos pais haviam acordado nossa união desde o meu nascimento. Nem ele, nem eu tivemos voz sobre isso. A matilha dele é a maior e mais poderosa, e a minha vem logo em seguida. Para meu pai, eu deveria esquecer qualquer noção de companheiro e encarar a responsabilidade herdada. Sou filha única. Uma herdeira. Mas... uma pontinha de curiosidade me picou. Pedi ajuda a,Lívia, minha melhor amiga. Ela conseguiu um colar de ônix negra enfeitiçado. Se meu companheiro se aproximasse de mim, eu saberia, mas ele não saberia de mim. O colar funcionaria como um escudo, um bloqueio contra o vínculo. Era só curiosidade. Só queria saber quem... ou o que... eu estava perdendo. Minha mãe teve complicações no meu parto e não pode ter mais filhos. Por isso, todos vivem com medo de que algo me aconteça. Se eu morrer, o dom morre comigo. O Supremo do Norte, por sua vez, teme que se eu me acasalar com um lobo forte demais, sua matilha perca o posto de liderança. Minha mãe vive tentando nos aproximar. Por isso me mandou pessoalmente, o que nunca adiantou muita coisa. Ele sempre foi... educado, polido, mas distante. Frio. Não me lembro dele sorrindo. Anda sempre sério, como quem sai pra arrancar a cabeça de alguém. Ainda assim, desobedecer significaria horas de sermões. Cruzei os portões do território dele. Ninguém me barrou pois sou “a noiva”, desde que nasci. Todos me conhecem. — Senhorita Eliz... — murmurou uma serva, abaixando a cabeça. Vi o vacilar nos olhos dela, mas segui em frente. Como sempre. Foi então que... parei. Meus pés simplesmente travaram. O colar funcionou. Ele não sentiu minha presença. Mas eu vi. A cena memorável gravou-se nos meus olhos como ferro em brasa. A pele bronzeada dele brilhava de suor. As costas largas e definidas, os músculos dos braços tensionados. Ele se movia com força bruta sobre uma loba branca e loira, que apoiava um joelho no sofá e empinava o quadril — a pele da bunda avermelhada pelo tapa que ele acabara de dar. Meus olhos se arregalaram. Mordi o lábio inferior até sentir o gosto metálico do sangue. Uma dor aguda me atravessou o peito. Me faltou o ar.Na minha mente, minha loba urrava “companheiro”, arranhando por dentro como uma fera enjaulada. Mas eu engoli a palavra. Segurei o colar com força. Como um escudo. Um lembrete. Ele já buscava outro orifício da fêmea, pronto para continuar. Foi quando pigarreei. Ele largou a loba imediatamente, como se queimasse. Ela vacilou sem o apoio dele e caiu sentada no sofá, me olhando incrédula enquanto tentava catar suas roupas. — Na sala? Com todos vendo? Todos sabiam? — meu tom saiu... estranhamente calmo. Uma calma assustadora, comparada com a avalanche dentro de mim. A fêmea ia vestir-se quando ele a impediu com um gesto seco. — E o que esperava? Que eu ficasse puro e casto até você fazer dezoito anos? — Sua voz era fria. Sem desculpas e nem remorso. Apenas... lógica. — Então... então eu posso me deitar com quem eu quiser também? — minha voz subiu uma oitava. Só percebi o quanto estava tremendo quando senti as unhas cravadas na palma da mão. Ele rosnou. A voz saiu grave. — Nenhum macho da minha ou da sua matilha tem tanto desejo de morrer. Parecia que agora ele se daria ao trabalho de se vestir, de conversar... de agir como meu noivo. Mas seu membro ainda brilhava com os sulcos da outra loba, e só a visão disso me deu ânsia. — Então ótimo — disparei, tirando a aliança do dedo. — Vou pra uma matilha distante. Vou dar a minha buceta pro primeiro lobo que eu encontrar. Joguei a aliança no chão. O som metálico tilintou, quicando até parar aos pés dele. A dor no meu peito era agora opressiva, física, esmagadora. Ele avançou um passo na minha direção. E eu... dei um passo pra trás.ElizO almoço foi silenciosamente desconfortável. Eu não sabia o que dizer ao meu pai. Apesar de ele ter me excluído da parte prática da alcateia e me imposto um marido pelo bem da nossa matilha principal, ainda sentia a necessidade de sua aprovação. No fundo, eu ainda acreditava que o havia decepcionado.Para ele, eu era apenas uma fêmea — e, na cabeça dele, não existia tal coisa como uma alfa suprema mulher. Apenas machos poderiam ocupar esse posto. Assim, tudo que é dele deveria ser entregue aos cuidados de Adam e, depois, passado diretamente a um neto, caso ele morresse. Se não morresse, iria dele para o neto da mesma forma.E eu? O que eu era? Apenas uma boneca inútil na visão dele?Meu garfo empurrava uma única ervilha de um lado para o outro no prato. Os pensamentos me corroíam enquanto eu continuava brincando com aquela pequena esfera verde.— Sua loba é muito bonita, minha filha. Parece ser muito forte também.— Hum-hum… Sim. Obrigada, pai.— Ela é filha de dois lobos muito f
Adam Três lobos estavam ajoelhados na fronteira da matilha do Norte, implorando por perdão. — Vocês realmente acharam que poderiam invadir meu território, me roubar e sair livres? — minha voz soou baixa, mas cortante. Nenhum dos infelizes ousou responder. — Vou arrancar a pele de vocês lentamente. Farei uma bandeira e colocarei na entrada da matilha para servir de aviso ao resto do bando. — Olhei para meu beta, que parecia distraído. — A Luna voltou — ele murmurou. — Onde ela está? — Na casa dos pais. Acho que visitando... Me informaram que veio apenas com uma mochila. Minhas garras se alongaram novamente. Passei-as pelas gargantas dos renegados. O sangue jorrou, manchando minha roupa e pingando nos meus sapatos. Droga. — Chame os guerreiros. Vou tomar um banho e seguimos para a matilha do Sul. No caminho, minha mente voltou ao acordo feito por meu pai quando eu ainda era um menino. Eu tinha oito anos quando colocaram uma garotinha enrolada em uma manta no meu colo e me disse
Eliz Sentei com minha garrafa e comecei a digitar, elaborando um plano para que as lobas cuidassem do abrigo. Pela manhã, me despedi de todos. Ganhei dois presentes de despedida, no mínimo inusitados: Lívia me deu umas porções contraceptivas e, sendo ela quem é, ainda comentou que eu poderia engravidar e pedir o trono do Norte no conselho sobrenatural. Já Ania, a fada, me presenteou com uma pulseira que lhe permitiria entrar e me resgatar caso eu fosse trancada em algum lugar. Traumas que adquirimos pelo caminho com o abrigo de fêmeas. Resolvi deixar meus pertences no abrigo, assim como os carros que adquiri nesses anos. Voltaria apenas com uma mochila contendo algumas roupas básicas, meu laptop, minha conta bancária — graças à Deusa, meu trabalho, sem falsa modéstia, me rendeu um bom dinheiro — e meu celular. Hora de encarar o Supremo. Minhas patas batiam no chão; o barulho das folhas ao vento, o calor do sol aquecendo, em contraste com o frio característico do meu território…
Eliz No meu escritório, no escuro, sigo pensando no meu último ano apocalíptico. Minha melhor amiga, Lívia, casou. Minha segunda melhor amiga, Ania, que tinha sumido, eu reencontrei… em lua de mel com o cunhado da Lívia! Ela é companheira do irmão de Antero, companheiro de Lívia. O Leon achou sua companheira Raila, uma Luna que eu mesma ajudei a tirar de seu companheiro, que tentou matar sua loba. Pior: eu gosto dela. Ainda lhe desejei felicidades e me afastei discretamente.Jogo a garrafa de vinho — que esvaziei inteira — no lixo. Preciso de algo mais forte para esquecer a última notícia: fui informada que minha antiga matilha está sendo diluída, em retaliação a mim, por não ter casado com o supremo. Ele vem comprando e incorporando nosso território. Liguei para ele, tentei persuadir, fazê-lo ver a razão — ele é quem agiu errado. Não funcionou. Então, implorei. Não por mim, mas pela minha matilha. Deixei meu orgulho de Luna verdadeira de lado e desci ao ponto de implorar. Não obt
Eliz Meu humor azedou completamente. Depois do meu encontro com a bruxa Gladis, não tirei mais o colar enfeitiçado do pescoço. Aliás, adicionei mais três: uma gargantilha de couro, uma meia-gargantilha e uma corrente de ouro — todos enfeitiçados como escudo, as palavras da bruxa ecoando na minha cabeça. Hoje coloquei um top de couro e um short curto de couro também, um casaco por cima escondendo minhas adagas e uma bota militar. Entro no meu carro, agora tenho um Jeep Wrangler branco com detalhes azuis, e passo as ordens a Mili, que agora trabalha no abrigo, depois que seu antigo mestre quase a pegou de volta. Ela se sente mais segura aqui. Buzino na porta de Lívia, que desce com nossa nova amiga: uma fêmea diminuta, loirinha, parece uma anjinha. Ela virou nosso equilíbrio. Seu nome é Ania e, pasme, quando soube que ela, na verdade, é uma fada. — Então, a nova fêmea vai ser difícil. — Eu tinha sido encarregada de vigiar uma Luna que está sendo chantageada pelo companheiro. Ela,
— Podem sair. Em alguns minutos, chamaremos para o veredito final. Ficamos no corredor. O Supremo, em seus dois metros de puro músculo e presença esmagadora, cruzou os braços e me fitou, impassível. Seus olhos escuros eram os de um predador, me analisando como quem avalia se a presa ainda tem forças para fugir. O poder dele vibrava no ar como uma corrente elétrica, chamando minha loba. Ela gritava em minha mente: “Companheiro. Companheiro.” Eu precisei lembrá-la repetidamente da cena que presenciamos com a loba loira em seu colo do toque íntimo, da maneira como ele a segurava como se fosse sua, e do tratamento que ele me deu. Só assim consegui acalmar seu impulso de correr até ele. O colar enfeitiçado em meu pescoço continuava firme. Um escudo eficaz. Ele não conseguia me sentir, nem acessar o vínculo. Ainda assim, observava. Silencioso, dominante. Enquanto isso, meu pai me esmagava com sua aura. — Então foi pra isso que te criei? Pra me humilhar diante do Conselho? Minha únic
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