Dois anos depois...
As pilhas de pratos são enormes — nunca vi tantos, nem mesmo nas maiores festas de matilha. Entra uma ômega com olhos tristes e o corpo marcado por hematomas. Ela se arrasta com uma bandeja cheia de pratos. Essa é a parte do meu trabalho nada glamourosa.
— Oi, como se chama? — pergunto, fingindo timidez.
— Liandra — ela sorri. Alvo à vista.
— Cale-se, ômega. Faça seu trabalho de boca fechada — rosna o lobo que a vigia o tempo todo.
Liandra é uma ômega que recebeu o vínculo da deusa da lua com um alfa cruel. Ele nunca aceitou ter uma ômega como companheira e se acasalou com uma beta, fazendo dela sua Luna oficial. Mas estuprava Liandra sempre que podia. A tal Luna, envenenada por inveja e rancor, também a maltratava.
— Tem um caldeirão de ensopado no fogão, pronto para servir à matilha. Pensei que duas pessoas poderiam agilizar... o alfa não ficaria feliz se passássemos vergonha e faltasse comida no banquete — murmurei, abaixando o olhar e fingindo medo.