Terceiro andar.
Porta preta. Sem numeração.
Vidro fumĂȘ. Maçaneta dourada.
Valentina para na frente.
Cruza os braços.
Inclina o queixo.
Olhar de desafio, de veneno, de mulher que nĂŁo nasceu pra ser escolhida â nasceu pra ser temida.
â Ăltima chance, ruiva⊠â ela pensa, olhando o reflexo na porta. â Correr⊠ou dominar.
Ela escolhe.
Gira a maçaneta.
Entra.
âž»
Luz baixa.
Tapete persa.
Paredes de madeira escura.
Cortinas de veludo vinho.
Poltronas de couro caramelo.
Mesa de mĂĄrmore negro com detalhes dourados.
No fundoâŠ
Dante.
Camisa preta aberta nos dois botÔes de cima.
Calça escura.
RelĂłgio no pulso.
Pés afastados.
Braços apoiados no encosto da poltrona.
Postura de quem nĂŁo pergunta.
SĂł decide.
Olhar Ăąmbar queimado.
Perigoso.
CĂnico.
E letal.
âž»
Ela fecha a porta.
Cruza os braços.
DĂĄ dois passos pra dentro.
â EntĂŁo Ă© assim? Me manda um bilhete⊠como quem pede serviço de quarto? â ela solta, arqueando uma sobrancelha.
Dante nĂŁo responde.
SĂł sorri.
Sorriso mĂnimo.
Aquele que precede guerra.