đCapĂtulo 3 â O Jogo Começou. E Dessa Vez⊠NĂŁo Tem Como Sair.
Moscou.
Do lado de fora, -12 graus.
Do lado de dentro⊠200 graus de luxĂșria, perigo e dinheiro sujo.
Era o segundo dia da conferĂȘncia.
Mas ali⊠jå não tinha mais negócios.
SĂł os bastidores deles.
SĂł os homens que mandam no mundoâŠ
Desmontando a própria moral atrås de taças de cristal e gemidos abafados.
âž»
**Eu cheguei antes dele.
Mas quando ele chegouâŠ
O salĂŁo mudou de temperatura.
A gravidade mudou de direção.
**Porque um homem como Dante Moreau nĂŁo entra.
Ele invade.
Sem pressa.
Sem anunciar.
SĂł existe.
E quem tå no ambiente⊠entende que agora o jogo tem um novo dono.
âž»
Dessa vez⊠eu nĂŁo tava com o suĂço.
Tava livre.
Solta.
à caça⊠ou sendo caçada.
DifĂcil saber.
As outras?
Tavam ali jogando o jogo de sempre.
Sorriso na boca.
Olhar de fĂȘmea prestes a aceitar migalha.
Querendo ser escolhidas.
Eu?
Eu nĂŁo nasci pra ser escolhida.
Eu nasci pra ser IMPOSSĂVEL.
âž»
Vestido preto colado.
Fenda que começava na coxa e terminava na promessa de que nenhum homem sairia dali são.
Cabelos soltos agora.
Ondulados, vinho escuro, refletindo as luzes douradas do lustre.
Batom do mesmo tom do pecado.
Perfume que nĂŁo Ă© cheiro.
à sentença.
âž»
De longeâŠ
**Ele me olha.
**O olhar nĂŁo Ă© desejo.
NĂŁo Ă© sexo.
Ă CONTROLE.
Ă ANĂLISE.
Ă DOMĂNIO.
Ă aquele olhar que diz:
âQuero saber o que te faz acordar no meio da noite.
Quero saber o que vocĂȘ esconde.
E depoisâŠ
Quero possuir cada maldita parte disso.â
âž»
Eu viro.
Devagar.
Cruzo as pernas.
Pego a taça de champanhe.
E sorrio.
NĂŁo pra ele.
Pra mim.
Porque eu sei exatamente o que esse jogo significa.
E, amor⊠eu sou mestre nesse jogo.
âž»
Passo perto dele.
NĂŁo encosto.
Deixo o cheiro.
Deixo o rastro.
Deixo o veneno.
Ele nĂŁo se move.
**Mas os olhosâŠ
Os olhos gritam:
âEu te vi.
Eu te escolhi.
E agora⊠vocĂȘ corre.
Se conseguir.â
âž»
**Na mesa, um CEO tailandĂȘs me acena.
Sorrio.
Sento no colo dele.
Cruzo as pernas.
Falo no ouvido deleâŠ
Mas nĂŁo Ă© pra ele.
Ă pra Dante ouvir:
â *âSe tem uma coisa que eu seiâŠ
Ă como fazer um homem achar que tem controleâŠ
*Quando, na verdade, quem dominaâŠ
Sou eu.â
**Dante nĂŁo desvia o olhar.
**NĂŁo pisca.
Não esboça NADA.
SĂł aperta o punho.
SĂł tensiona o maxilar.
E ali⊠eu percebi:
Eu tava brincando com fogo.
E o fogo⊠tava prestes a me engolir.
âž»
Levanto.
Desfilo até o bar.
Me apoio no balcĂŁo.
Peço um gim.
Ele vem.
Devagar.
Silencioso.
Perigoso.
Para do meu lado.
**Nem olha diretamente.
SĂł fala.
Baixo.
Grave.
Sujo.
Do jeito que sĂł um predador fala pra presaâŠ
Quando jĂĄ sabe que a presa nĂŁo vai escapar.
â âQuarto 313.
Sem salto.
Sem maquiagem.
Sem mentiras.â
Ele me entrega um cartĂŁo.
Vira.
Vai embora.
*Sem olhar pra trĂĄs.
Porque quem sabe que jĂĄ venceuâŠ
NĂŁo precisa conferir.
E naquele momentoâŠ
Eu percebi:
*O jogo não só começou.
Ele começou de um jeitoâŠ
Que eu nĂŁo sei se vou sair viva.
______
Moscou, 02h11.
Quarto 313.
Ele digitou.
Um cĂłdigo.
Uma mensagem.
âSem salto. Sem maquiagem. Sem mentiras.â
Desligou.
Jogou o celular no sofĂĄ.
Abaixou o olhar pra prĂłpria mĂŁo.
Percebeu que tava tremendo.
Mas nĂŁo de medo.
De antecipação.
De controle prestes a ser exercido.
E entĂŁo pensou, sem falar, sem sorrir, sem sequer respirar:
**âEla acha que veio jogar.
Ela acha que domina.
Mas ela ainda nĂŁo entendeuâŠ
Que a partir de hojeâŠ
Ou ela corre.
Ou ela aprende a ser minha.â