đCapĂtulo 2 â Meu Corpo Ă Fuga. Meu Preço⊠à A Sua Sanidade.
Se tem uma coisa que vocĂȘ precisa entender sobre mimâŠ
à que eu não nasci pra pertencer a ninguém.
E muito menos⊠pra ser esquecida.
Enquanto algumas vendem o corpo pra sobreviverâŠ
**Eu vendo o meu⊠pra escapar.
Pra fugir.
Pra desaparecer.
E, principalmente⊠pra me lembrar que eu mando.
Que eu escolho.
Que eu domino.
âž»
Hotel Fairmont.
Monte Carlo.
MĂŽnaco.
Lustres pendurados como se o céu tivesse sido roubado.
Tapete vermelho.
Pessoas que valem bilhÔes⊠e que se comportam como se pudessem comprar até a própria morte.
**Eu entro.
Vestido dourado.
Costas nuas.
Salto que soa como ameaça no mårmore.
E um olhar que faz qualquer um esquecer que nasceu casado.
O tema?
âDeuses e Pecados.â
Perfeito.
Porque naquela noiteâŠ
Eu nĂŁo era mulher.
Eu era Afrodite.
E fui adorada como tal.
âž»
Corta.
Dubai.
Burj Al Arab.
Desfilo no tapete de mĂĄrmore.
**Salto vermelho.
Vestido que grita obscenidade de tĂŁo elegante.
E um olhar que carrega a frase:
âSou cara demais pra te amar.
E perfeita demais pra vocĂȘ resistir.â
Naquela noite, o sheik nĂŁo quis transar.
Pediu que eu lesse Neruda.
Pelada.
No quarto inteiro forrado de pétalas.
E ele?
Me olhou como quem vĂȘ o pĂŽr do sol pela Ășltima vezâŠ
Sabendo que nunca mais vai encontrar outro igual.
âž»
Paris.
Torre Eiffel.
Jantar privado.
Vinho de safra que vale mais que meu primeiro apartamento.
Ele pergunta:
â Quanto pra vocĂȘ sumir comigo por um mĂȘs?
Eu sorri.
Cruzei a perna.
Inclinei o queixo.
â Tudo que vocĂȘ tem.
Ele riu.
Mas eu nĂŁo tava brincando.
âž»
Viena.
SalĂŁo privado.
Violino ao vivo.
Cortinas vermelhas.
O som do piano misturado com gemidos abafados.
Ele?
Primeiro homem que gozou⊠e chorou.
Porque foi a primeira vez que sentiu prazer⊠sem sentir nojo de si mesmo.
âž»
E no meio de cada paĂs, cada quarto, cada contratoâŠ
Eu percebi uma coisa:
**Esses homens nĂŁo me contratam pra transar.
Eles me contratam pra esquecer quem sĂŁo.
Pra fugir de si mesmos.
Pra tocar, por algumas horas⊠no que eles nunca vão possuir de verdade.
Eu.
âž»
Helena.
Esse Ă© meu nome.
Mas pra elesâŠ
Eu sou Valentina.
A mentira mais cara que eles jĂĄ pagaram.
Valentina não tem endereço fixo.
Valentina tem um flat secreto em Nova York.
Uma suĂte exclusiva em Bangkok.
Um refĂșgio escondido em Santorini.
**Valentina nĂŁo ama.
NĂŁo se apega.
NĂŁo se explica.
Valentina domina. Cobra. Fatura. Some.
âž»
E sim⊠eu escolho meus clientes.
Eu tenho uma triagem prĂłpria.
Mais rigorosa que qualquer FBI.
Um hacker pessoal que descobre atĂ© quantas vezes o infeliz respirou errado nos Ășltimos cinco anos.
Se Ă© violento? Bloqueado.
Se Ă© arrogante?
Cobro o triplo.
E deixo ele de quatro â metaforicamente⊠ou nĂŁo.
âž»
Mas entre todos os hotĂ©isâŠ
Todos os homensâŠ
Todas as mentiras bem pagasâŠ
**SĂł um me desarmou.
SĂł um me fez esquecer quem eu era.
Ou talvezâŠ
Me fez lembrar.
Ele nĂŁo quis meu corpo.
Quis minha verdade.
Minha alma.
Meu controle.
E foi aĂâŠ
Que eu percebiâŠ
Que quem brinca de dominarâŠ
Uma hora encontra quem domina de verdade.
E aquele homemâŠ
Era domĂnio.
Em forma de terno.
Em forma de olhar.
Em forma de inferno.