Monte Carlo.
Andar 9. SuĂte 909.
O corredor parece saĂdo de um filme de espionagem: tapete preto com bordados dourados, paredes em mĂĄrmore italiano, lustres de cristal negro pendendo do teto, e um silĂȘncioâŠ
Que pesa.
Cada passo de Valentina ecoa.
Toque, toque, toque.
O salto reverbera como se avisasse ao universo: âO problema chegou.â
Ela respira fundo diante da porta.
909.
Nenhuma tranca. Nenhuma fechadura.
O aviso na mensagem era claro:
âPorta aberta.â
Empurra.
O som da maçaneta gira como se estivesse girando o destino dela.
A porta se abreâŠ
E o mundo dela também.
âž»
A suĂte Ă© uma obra de arte:
Piso de mĂĄrmore preto polido.
Cortinas de veludo vinho, abertas, revelando a sacada de vidro com vista pro mar, pro cassino, pros iates iluminados.
No centro do ambiente, um sofĂĄ em L de couro italiano branco.
Uma mesa com uma garrafa de champanhe jĂĄ aberta.
Taças. Morangos.
E ele.
Dante Moreau.
Sentado numa poltrona de couro, perna cruzada, terno azul-marinho sob medida, camisa branca aberta