Vista panorâmica. Último andar do Imperial Crown Hotel, Tokyo.
Armand Delacroix acende um charuto cubano com a calma de quem sabe que a proibição é só um obstáculo decorativo.
Ele não vive sob regras.
Ele compra silêncio.
A fumaça dança no ar como uma mulher perigosa em vestido justo.
A cidade brilha lá embaixo — luzes douradas e vermelhas como uma amante muito maquiada, esperando ser tocada… ou queimada viva.
No centro da sala, uma tela curva e holográfica exibe imagens em tempo real da gala.
Ângulos escondidos. Close em olhos que não sabem que estão sendo vigiados.
Armand não pisou na festa.
Não precisa.
Ver sem ser visto é seu talento favorito.
Na tela: ela aparece.
Valentina.
Vestido vermelho moldado no pecado.
Salto que desafia moral e ossos.
Andar de quem finge inocência só pra assistir a queda do outro.
Armand se inclina, encostando os cotovelos nos braços da poltrona.
Os olhos dele brilham, não de tesão… mas de decisão crua.
— Então é você… — ele sussurra, tragando fundo.
— A