O campo de batalha repousava em silêncio, como se o próprio mundo tivesse prendido a respiração após o último grito. A relva tingida de vermelho, as árvores inclinadas pelo peso do vento e do sangue, e os corpos – alguns ainda mornos – formavam um retrato cruel da vitória.
Mas havia vitória.
E na vitória, esperança.
Lia caminhava entre os escombros da guerra com passos lentos, a capa rasgada esvoaçando e os olhos ainda brilhando com a força lunar que guiara seus movimentos na noite anterior. Etan andava ao seu lado, ajudando os feridos, carregando mantimentos, distribuindo água e canções.
— O silêncio agora é pior que os gritos de ontem — disse ele, olhando em volta.
Lia não respondeu de imediato. Seus olhos estavam fixos em uma pequena flor azul crescendo ao lado do corpo de um lobo caído.
— Mas é nesse silêncio que algo novo pode nascer.
Ela se ajoelhou diante do guerreiro e fechou-lhe os olhos com os dedos.
— Que sua alma encontre a lua. E que sua memória floresça.
Etan a observou