87. Recuperação noturna
A sala estava em silêncio absoluto, exceto pelo zumbido leve do ar-condicionado e o clique ritmado do teclado de Isabela. Passava das 22h. A maioria dos andares da Constellation já estava escura, mas a luz da sala de projetos permanecia acesa como um farol de resistência.
Isabela ajeitou os ombros e revisou pela terceira vez a nova versão do material visual. As alterações sugeridas por Carla — e aprovadas pela diretoria — haviam exigido não só uma mudança no design, mas uma reestruturação de fluxos de comunicação que ela havia planejado cuidadosamente nas semanas anteriores.
Ela não reclamou.
Nem em voz alta, nem em pensamentos.
Ao contrário, encarou o desafio como uma chance de demonstrar solidez. Sabia que, em ambientes corporativos, nem sempre vencia quem gritava mais alto — mas sim quem permanecia firme quando os ventos mudavam de direção.
Ao seu lado, uma caneca de chá morno. Sobre a mesa, folhas rabiscadas, o tablet com marcações de revisão e um fone de ouvido desligado — e