O relógio no escritório marcava 2h37 da madrugada quando Isabela Duarte empurrou a pilha de documentos para o lado, esfregando a testa cansada. A luz branca do abajur fazia um contraste forte com a penumbra do resto da sala. Aquele era o seu refúgio — a última linha de defesa antes que as decisões fossem irrevogáveis.

Desde que a proposta da ZenerTech fora revisada, um novo contrato chegara às suas mãos para análise final. Rafael a avisara que o jurídico tinha detectado algumas inconsistências, mas cabia a ela o olhar atento e cuidadoso para garantir que o programa Horizonte não fosse engolido por letras miúdas.

Sentada, com o laptop aberto, dezenas de páginas escaneadas e comparativos de versões do contrato espalhados, Isabela lia e relia cláusulas com a concentração de quem busca uma agulha num palheiro.

A exaustão ameaçava dominá-la, mas a determinação era maior.

Cada linha tinha uma consequência — para os jovens, para as comunidades, para a própria identidade do programa.

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