103. A vista do compliance
O relógio marcava 15h12 quando Roberto Lins, diretor de compliance da Constellation, apareceu no andar de projetos sem aviso prévio. Sua chegada foi discreta — uma pasta de couro sob o braço, olhos atentos e expressão inabalável. Não era comum que ele deixasse o 27º andar, onde ficavam os departamentos jurídicos e de auditoria, para visitar as equipes operacionais. E quando o fazia, era porque havia algo sério.
— Isabela Duarte? — perguntou, parando à frente da sua baia.
Ela se levantou com um sorriso contido, mas profissional. — Sim, claro. Em que posso ajudar?
— Você pode me acompanhar até a sala 5-D? Só para alinharmos alguns pontos sobre os relatórios financeiros do Projeto Horizonte.
Apesar do tom calmo, Isabela sabia que aquele convite era tudo, menos casual.
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A sala 5-D era pequena e sem janelas. Uma mesa redonda, duas cadeiras, e uma pequena jarra d’água no canto. Roberto abriu a pasta e colocou sobre a mesa três planilhas impressas, com anotações à mão. Também ha