Manhã de Consequências

O despertador soou às seis da manhã, mas Valentina já estava acordada há horas. Deitada em sua cama de solteiro no modesto apartamento, ela observava o teto enquanto sua mente reproduzia cada segundo da noite anterior. Seu corpo ainda pulsava com as lembranças dos toques de Maximiliano, cada marca invisível que ele havia deixado em sua pele.

Levantou-se devagar, sentindo uma dor doce entre as pernas que a fez corar. No espelho do banheiro, encontrou uma mulher diferente, havia algo em seus olhos que não estava lá antes, uma intensidade nova, perigosa.

O telefone vibrou. Uma mensagem de número desconhecido:

"Espero você no meu escritório às 8 horas. Temos muito a discutir. - M"

Valentina sentiu o coração acelerar. Parte dela queria ignorar, fingir que nada havia acontecido. Mas a parte que havia despertado na noite anterior, a parte selvagem e faminta, já estava escolhendo as roupas mais provocantes de seu guarda-roupa.

Optou por um vestido azul-marinho que abraçava suas curvas sem ser vulgar, mas que deixava suas pernas à mostra. Se Maximiliano queria jogos, ela estava disposta a jogar.

O trajeto até o prédio da Blackwood Enterprises pareceu durar uma eternidade. Valentina ensaiava mentalmente o que diria, como se comportaria, mas todas as palavras evaporaram quando as portas do elevador se abriram e ela se viu diante dele novamente.

Maximiliano estava apoiado contra a mesa, os braços cruzados, usando uma camisa branca que realçava seu bronzeado natural. Seus olhos a devoraram sem qualquer tentativa de disfarce.

- Pontual. Gosto disso, - comentou, sua voz carregada da mesma autoridade da noite anterior.

- Você disse que tínhamos muito a discutir, - respondeu ela, tentando soar profissional mesmo com o coração disparado.

Ele se aproximou com passos calculados, como um felino cercando sua presa.

- Sim, temos. Começando pelo fato de que você é minha agora.

- Eu não sou propriedade de ninguém, - retrucou, erguendo o queixo desafiantemente.

O sorriso que curvou os lábios dele foi puramente predatório.

- Não? Então por que seu corpo está reagindo apenas à minha presença? Por que posso ver seus mamilos endurecendo através do tecido desse vestido?

Valentina sentiu o fogo subir às suas bochechas, mas não desviou o olhar.

- Isso não significa nada.

- Significa tudo, - afirmou, parando bem na frente dela. - Alguém que pode estar ao meu lado neste mundo.

- Que mundo? - Valentina respondeu.

Maximiliano caminhou até a parede oposta e pressionou um botão oculto. Uma seção da parede deslizou, revelando um escritório secreto repleto de monitores, mapas e documentos que claramente não tinham relação com construção civil.

- Meu verdadeiro mundo, - disse simplesmente.

Valentina entrou no ambiente oculto, seus olhos percorrendo as telas que mostravam localizações ao redor da cidade, planilhas com números astronômicos e fotografias de homens que reconheceu dos noticiários, políticos, empresários, pessoas poderosas.

- Você é... - começou, mas as palavras morreram em sua garganta.

- Sou muitas coisas, Valentina. CEO é apenas uma delas.

Ele se posicionou atrás dela, suas mãos pousando em seus ombros.

- Controlo mais desta cidade do que qualquer prefeito ou governador jamais sonhou.

- Isso é ilegal, - sussurrou, mas não conseguiu se afastar de seu toque.

- Legal, ilegal... são conceitos para pessoas comuns. Nós somos extraordinários. - Seus lábios roçaram seu ouvido.

- Você sentiu isso ontem à noite. Sentiu o poder, a adrenalina de estar acima das regras.

Ele estava certo, e isso a assustava. Durante aqueles momentos em seus braços, ela havia se sentido invencível, como se pudesse conquistar o mundo.

- Por que está me mostrando isso? - perguntou.

- Porque preciso de você, - admitiu, virando-a para encará-lá. - Não apenas fisicamente. Preciso de alguém inteligente, capaz, que possa estar ao meu lado em todos os aspectos da minha vida.

- E se eu recusar?

Os olhos dele escureceram perigosamente. - Você não vai recusar. Porque já provou minha droga, Valentina. Já sentiu como é estar no topo da cadeia alimentar.

Ele tinha razão. Mesmo sabendo dos riscos, mesmo sabendo que deveria correr, tudo o que ela queria era estar em seus braços novamente.

-O que você quer de mim? - perguntou, rendendo-se ao inevitável.

- Tudo, - respondeu sem hesitação. - Seu corpo, sua mente, sua lealdade. Em troca, te darei poder além dos seus sonhos mais selvagens.

Maximiliano a pressionou contra a mesa de metal, suas mãos já trabalhando na barra de seu vestido.

- Mas primeiro, vou lembrá-la de quem você pertence.

Desta vez, quando ele a possuiu, foi ainda mais intenso. Cada movimento era uma reivindicação, cada gemido dela uma submissão. E quando chegaram ao clímax juntos, Valentina soube que havia cruzado uma linha da qual jamais retornaria.

Mais tarde, enquanto se vestiam, ele lhe entregou um cartão preto sem identificação.

- Amanhã à noite. O endereço está no verso. Vista-se adequadamente.

- Para quê? - Valentina disse assustada.

- Para conhecer minha família, - respondeu com um sorriso que não chegou aos olhos.

Quando Valentina saiu do prédio, sabia que sua vida anterior havia oficialmente terminado.

[…]

A limusine preta deslizava pelas ruas como uma sombra predatória, levando Valentina em direção ao desconhecido. Ela havia escolhido um vestido vermelho que abraçava cada curva de seu corpo, os cabelos soltos caindo em ondas sedosas sobre os ombros nus. Os sapatos de salto alto faziam suas pernas parecerem infinitas, e a maquiagem destacava seus olhos verdes com uma intensidade felina.

Maximiliano estava sentado ao seu lado, impecável em um smoking que custava mais doque o salário anual dela.

Seus dedos traçavam círculos preguiçosos em sua coxa, um lembrete constante de sua posse. - Nervosa? - perguntou, sua voz baixa e sedutora.

- Deveria estar? - retrucou, tentando soar mais confiante do que se sentia.

- Minha família não é... convencional, - admitiu com um sorriso enigmático.

A limusine parou diante de uma mansão que mais parecia um palácio, com jardins perfeitamente projetados e uma arquitetura que misturava elegância clássica com modernidade imponente. Seguranças discretos patrulhavam os terrenos, seus olhares alertas obeservando cada sombra.

- Bem-vinda ao meu lar, - murmurou Maximiliano, ajudando-a a sair do veículo.

O interior da mansão era ainda mais impressionante, mármores raros, obras de arte que ela reconheceu de livros sobre museus famosos, e um luxo que transcendia qualquer coisa que havia visto em revistas de decoração.

- Maximiliano! - Uma voz feminina ecoou pelo hall principal.

Valentina se virou para ver uma mulher deslumbrante descendo a escadaria em curvas.

Devia ter cerca de cinquenta anos, mas parecia ter trinta e cinco. Seus cabelos platinados estavam presos em um coque elegante, e o vestido preto que usava custava facilmente cinco dígitos.

- Mãe, - cumprimentou Maximiliano, beijando as duas faces dela.

- Esta é Valentina Moreira.

Os olhos da mulher do mesmo azul acinzentado do filho, analisaram Valentina com a precisão de um scanner.

- Adriana Blackwood, - apresentou-se, estendendo uma mão perfeitamente manicurada.

- Ouvi muito sobre você. É um prazer conhecê-la, Sra. Blackwood.

- Adriana, por favor. - O sorriso dela era caloroso, mas havia algo nos olhos que sugeria que se subestimá-la seria um erro fatal.

- Onde está Lorenzo? - perguntou Maximiliano.

- Cuidando de negócios no escritório. - Adriana segurou num braço de Valentina. - Venha. Deixe-me apresentá-la aos outros.

O salão principal estava repleto de pessoas elegantes, conversando em pequenos grupos enquanto garçons circulavam com champagne e canapés. Mas havia algo no ar, uma tensão subjacente que fazia os cabelos da nuca de Valentina se eriçarem.

- Família, - anunciou Adriana, batendo delicadamente uma colher em sua taça. - Gostaria de apresentar-lhes Valentina, a nova... parceira de Maximiliano.

Os murmúrios que se seguiram foram educados, mas Valentina captou olhares curiosos e alguns claramente avaliadores. Era como se estivesse sendo pesada e medida por critérios que não compreendia completamente.

- Tio Max! - Uma jovem de cabelos escuros se aproximou, abraçando Maximiliano com familiaridade. Devia ter uns vinte e poucos anos, com uma beleza exótica e um sorriso travesso.

- Isabella, - sorriu ele genuinamente pela primeira vez na noite. - Esta é Valentina.

- A famosa arquiteta que conquistou o coração do nosso imperador, - disse Isabella com um sorriso malicioso. - Papai está curioso para conhecê-la.

- Lorenzo chegou? - perguntou Maximiliano.

- Há poucos minutos. Está no escritório com os primos do Norte.

Maximiliano franziu levemente a testa. - Negócios durante um jantar familiar?

- Você conhece papai. Negócios nunca param. - Isabella se virou para Valentina.

- Espero que não se importe com nossa... intensidade familiar.

Antes que Valentina pudesse responder, um homem imponente entrou no salão. Era claramente o patriarca da família, cabelos grisalhos perfeitamente penteados, postura ereta que comandava respeito, e olhos que pareciam enxergar diretamente na alma das pessoas.

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