- Lorenzo, - cumprimentou Adriana, beijando-o nos lábios com uma paixão que surpreendeu Valentina.
- Meu amor, - respondeu ele, antes de voltar sua atenção para o filho. - Maximiliano. E esta deve ser a jovem que tem causado tanto... interesse. - Valentina Moreira, - apresentou-se, estendendo a mão. Lorenzo a tomou, mas ao invés de apertá-la, levou-a aos lábios num gesto antiquado maselegante. - Lorenzo Blackwood. O prazer é inteiramente meu. Havia algo hipnótico naquele homem, uma autoridade natural que fazia as pessoas ao redor gravitarem em sua direção. Valentina entendeu imediatamente de onde Maximiliano herdara seu magnetismo. - Espero que esteja se sentindo bem-vinda em nossa família, - continuou Lorenzo. - Maximiliano raramente nos apresenta suas... companhias. - Valentina não é uma companhia, pai, - interrompeu Maximiliano, sua voz carregada de advertência. - Ela é importante. - Ah. - Lorenzo sorriu, mas não chegou aos olhos.Importante. Que palavra interessante. O jantar que se seguiu foi uma experiência surrealista. A comida era requintada, o vinho provavelmente custava mais do que o carro de Valentina, e a conversa fluía entre negócios, política e arte. Mas subjacente a tudo havia uma corrente de poder e perigo que ela podia sentir mas não nomear. - Então, Valentina, - disse Lorenzo durante a sobremesa, - Maximiliano me contou sobre seus talentos arquitetônicos. Talvez pudesse ajudar-nos com alguns... projetos especiais. - Que tipo de projetos? - perguntou ela, genuinamente curiosa. - Oh, desenvolvimentos residenciais principalmente. Lugares onde pessoas importantes possam se sentir... seguras e privadas. A forma como ele disse 'importantes' fez um arrepio percorrer a espinha dela. Estava começando a entender que a família Blackwood não operava apenas no mundo dos negócios legítimos. Mais tarde, quando Maximiliano a levou para um tour pela mansão, ela finalmente encontrou coragem para fazer a pergunta que a atormentava. - Sua família... eles são... - São minha família, - interrompeu ele, parando diante de uma janela que oferecia vista para os jardins. - E agora são sua família também. - Isso não responde minha pergunta. Ele se virou, pressionando-a contra a parede do corredor. - Algumas perguntas não precisam ser respondidas, Valentina. Apenas aceitas. Seus lábios encontraram os dela num beijo possessivo que fez todo questionamento evaporar de sua mente. Quando se separaram, ele murmurou contra sua boca: - Você é minha. Isso é tudo que importa. Mais tarde naquela noite, enquanto faziam amor na suíte principal com uma intensidade que beirava a violência, Valentina se rendeu completamente ao seu destino. Não importava mais quem eram os Blackwood ou o que faziam. Ela estava irrevogavelmente ligada a eles agora. […] Três semanas haviam se passado desde o jantar na mansão Blackwood, e a vida de Valentina havia se transformado completamente. Maximiliano a havia instalado em um apartamento de cobertura no centro da cidade, um lugar que custava mais em um mês do que ela ganhava em um ano. Roupas de grife enchiam o closet, joias caras adornavam sua mesa de cabeceira, e um cartão de crédito sem limite estava sempre à sua disposição. Mas junto com o luxo vieram as regras não ditas. Ela não podia sair sozinha à noite. Sempre havia um motorista esperando-a. E perguntas sobre os "negócios" de Maximiliano eram delicadamente desviadas ou respondidas com beijos que faziam sua mente esquecer qualquer questionamento. Naquela manhã de quinta-feira, Valentina acordou com uma náusea avassaladora. Correu para o banheiro de mármore, vomitando violentamente enquanto seu corpo tremia. Quando finalmente conseguiu se levantar, seu reflexo no espelho mostrava uma mulher pálida e assustada. - Não pode ser, - sussurrou para si mesma, mas já sabia a verdade. Sua menstruação estava atrasada há duas semanas. Os seios estavam mais sensíveis, e aquela náusea matinal havia se tornado uma constante nos últimos dias. Todas as peças se encaixavam numa realidade que a apavorava e excitava ao mesmo tempo. Vestiu-se rapidamente e saiu do apartamento, ignorando os protestos do segurança que deveria acompanhá-la. Precisava de confirmação antes de contar qualquer coisa a Maximiliano. A farmácia mais próxima parecia estar a quilômetros de distância, mas finalmente chegou lá, comprando três testes de gravidez diferentes. De volta ao apartamento, trancou-se no banheiro com mãos trêmulas. O primeiro teste mostrou duas linhas. O segundo também. O terceiro confirmou o que seu coração já sabia, ela estava grávida do filho de Maximiliano Blackwood. Sentou-se no chão frio do banheiro, abraçando os joelhos enquanto lágrimas desciam por seu rosto. Não eram lágrimas de tristeza, mas de medo absoluto. Como contar para um homem que controlava um império sombrio que ele seria pai? Como criar uma criança naquele mundo de poder e perigo? O som da porta principal se abrindo a fez levantar rapidamente. A voz grave de Maximiliano ecoou pelo apartamento: - Valentina? Onde você estava? Marcus disse que saiu sozinha. Ela escondeu os testes na gaveta e saiu do banheiro, tentando parecer normal. Maximiliano estava na sala, ainda usando o terno impecável, mas havia algo diferente em seus olhos, uma dureza que ela não havia visto antes. - Precisava comprar algumas coisas, - disse, forçando um sorriso. Que coisas?" Sua voz era cortante, autoritária. "Coisas femininas, " mentiu, esperando que ele não insistisse. Maximiliano se aproximou, estudando seu rosto com atenção. - Você está pálida. E há algo diferente em você. O coração dela disparou. Seria possível que ele já soubesse? - Estou apenas cansada. - Mentira. - Ele segurou seu queixo, forçando-a a encará-lo. - Nunca minta para mim, Valentina. Nunca. - A intensidade em seus olhos a assustou. Era como se uma máscara tivesse caído, revelando o predador que se escondia por trás do amante apaixonado. - Eu não estou mentindo, - insistiu, mas sua voz tremeu. Está sim. E sabe como eu sei? - Ele se afastou, caminhando até a janela. - Porque mandei investigá-la. O sangue de Valentina gelou. - O quê? - Você achou que poderia entrar na minha vida sem que eu soubesse tudo sobre você? - Cada detalhe da sua história, cada pessoa com quem se relacionou, cada segredo que guarda? Ele se virou, segurando uma pasta grossa. - Valentina Moreira, 28 anos, formada em Arquitetura pela Universidade Federal, órfã desde os dezesseis anos, sem parentes vivos conhecidos. Trabalhou em três escritórios diferentes antes de abrir o próprio negócio. Histórico romântico limitado, apenas dois relacionamentos sérios, ambos terminados por sua iniciativa. - Cada palavra era como um tapa. - Como você ousa... - Como eu ouso? - Sua voz subiu perigosamente. - Eu ouso porque você é MINHA agora! E eu protejo o que é meu investigando qualquer ameaça potencial! - Ameaça? Você me vê como uma ameaça? Maximiliano jogou a pasta na mesa, espalhando fotografias e documentos. - Vejo você como alguém que esconde coisas de mim. Como alguém que pode estar trabalhando para meus inimigos. - Você está louco! - gritou ela, finalmente encontrando sua voz. - Eu jamais faria isso! - Então me diga onde esteve hoje. Me diga o que comprou. Me diga por que está agindo de forma estranha há dias! A pressão era insuportável. Valentina sentiu as lágrimas brotarem novamente, mas desta vez de raiva e frustração. Quer saber a verdade? Quer saber o que estou escondendo? - Sim! Eu quero, Valentina. - Estou grávida! - explodiu, as palavras ecoando pelo apartamento como um trovão. O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Maximiliano ficou completamente imóvel, seus olhos fixos nela com uma intensidade que a fez recuar instintivamente. - O que você disse? - sua voz estava perigosamente baixa. - Estou grávida, - repetiu, mais baixo desta vez. - De você. Descobri hoje de manhã. - Por longos segundos, ele não se moveu. Então, lentamente, um sorriso começou a se formar em seus lábios, não um sorriso de alegria, mas algo muito mais complexo e perigoso. - Meu filho, - murmurou, como se testando as palavras. - Você está carregando meu filho. - Maximiliano, eu... Ele cruzou a distância entre eles em três passadas, pressionando-a contra a parede com uma intensidade que a fez ofegar. Mas ao invés da raiva que esperava, seus olhos brilhavam com algo que parecia triunfo primitivo. - Você é minha, - disse, suas mãos se espalmando possessivamente sobre seu ventre ainda plano. - Completamente minha agora. Para sempre. Isso não muda quem eu sou, - protestou fracamente. - Muda tudo, - corrigiu, seus lábios encontrando seu pescoço. - Agora você carrega o futuro herdeiro do império Blackwood. Agora você é a mãe do meu filho. A forma como ele disse isso, com reverência e possessividade absoluta, fez algo despertar no ventre de Valentina. Não era apenas desejo físico, mas algo mais profundo e perturbador. - E se eu não quiser isso? - perguntou, testando-o. Os olhos dele escureceram perigosamente. - você VAI se casar comigo. Não é uma opção. Você VAI ter meu filho. - Casar? - A palavra saiu como um sussurro chocado. - Você achou que eu deixaria o herdeiro dos Blackwood nascer bastardo? - Sua voz carregava uma autoridade que não admitia questionamentos. - Vamos nos casar em duas semanas. Minha mãe já está organizando tudo. - Sua mãe já sabe? O sorriso dele foi predatório. - Minha mãe sabe de tudo antes mesmo de eu saber. É assim que nossa família funciona. Antes que ela pudesse protestar, ele a ergueu nos braços, carregando-a para o quarto. - Agora, - murmurou contra seus lábios, - vou mostrar a você exatamente como um Blackwood celebra a continuação da linhagem. O que se seguiu foi uma paixão selvagem e possessiva que deixou Valentina sem fôlego. Cada toque dele era uma reivindicação, cada beijo uma marca de propriedade. E quando chegaram ao clímax juntos, ela gritou seu nome como uma oração e uma rendição. Mais tarde, deitada em seus braços, Valentina observou a cidade através da janela do quarto. Sua vida havia mudado completamente mais uma vez, agora ela não era apenas a amante de Maximiliano, mas a futura mãe de seu herdeiro e sua esposa. - Não tenha medo, - murmurou ele, como se pudesse ler seus pensamentos. - Eu protegerei você e nosso filho com minha vida. Ninguém jamais tocará no que é meu. Havia uma promessa e uma ameaça naquelas palavras. Valentina estava começando a entender que no mundo dos Blackwood, amor e perigo eram a mesma coisa.