A volta da Colômbia não foi silenciosa por acaso. O jato cruzava o céu noturno como uma lâmina negra, cortando nuvens carregadas, enquanto lá dentro, o ar estava saturado com algo mais denso que qualquer tempestade: tensão.
Valentina estava no assento ao lado da janela, o cinto frouxo, observando as luzes distantes das cidades lá embaixo, cada uma delas um território, um nome, um inimigo ou um aliado. Sentia o eco da cena no armazém pulsando em sua mente — o estampido seco dos tiros, o cheiro metálico do sangue, o olhar do homem que ela escolhera para viver.
Ao lado, Maximiliano se recostava, um copo de whisky envelhecido na mão, girando o líquido âmbar como se fosse apenas mais uma noite comum. Mas ela sabia: nada era comum com ele.
— Você lidou bem — disse enfim, a voz baixa e grave cortando o silêncio. — Não hesitou tanto quanto eu esperava.
Ela manteve os olhos na janela, sem se virar. — Talvez eu esteja aprendendo.
— Não — ele corrigiu, inclinando-se para mais perto, o calor do h