A noite parecia comum demais para o que estava prestes a acontecer comigo.
Saí do restaurante onde tinha jantado com a Lívia, ainda rindo das histórias absurdas que ela sempre conseguia inventar para me distrair. O frio suave da madrugada me envolveu, e eu apertei o casaco contra o corpo. A cidade estava estranhamente silenciosa, e as luzes dos postes criavam sombras compridas no asfalto molhado pela chuva que tinha caído pouco antes.
— Cuidado para não tropeçar nesse salto, madame — brincou Lívia, me observando desviar de uma poça.
— Quem diria que você ia se preocupar comigo? — respondi, rindo. — Achei que o Theo já tivesse monopolizado todo o seu instinto protetor.
Ela me olhou com aquele sorriso provocador que só ela sabe dar.
Jarbas já estava parado na calçada, ao lado do carro preto, como sempre pontual. Quando me viu, abriu a porta traseira com a mesma postura impecável de todos os anos.
— Quer que eu te leve também, Lívia? — ele perguntou, sempre educado.
— Não precisa, Jarb