Eleonora D’Ambrosio
A noite havia caído sobre a mansão como um manto pesado, abafando até mesmo o som distante do tráfego. Eu estava sentada na poltrona de couro, próxima à janela alta da biblioteca, observando as luzes da cidade ao longe. Elas cintilavam, pequenas e distantes, como se me lembrassem de quantas batalhas eu já havia travado para manter minha própria luz acesa.
Ao lado, uma xícara de chá já fria descansava sobre a mesa de mármore. Eu não havia dado sequer um gole. Não que fosse novidade o chá, assim como muitas pequenas gentilezas da vida, frequentemente ficava esquecido.
Quando você descobre que está à beira da morte algumas coisas mudam?
Quando fechei os olhos, não vi as paredes da mansão, nem o brilho discreto das joias que usava. Vi uma garota não mais do que vinte anos sentada em uma sala modesta, cercada por pilhas de documentos e com um olhar determinado. Aquela era eu, fazendo o que achava correto.
Lembrei-me de quando conheci Marcos. Ele não foi um amor fulminan