CAMILA NOGUEIRA
Observei-o afastar-se, seus ombros largos destacando-se no terno. Ele atravessou o salão com uma confiança que fazia as pessoas abrirem caminho instintivamente.
Um sorriso bobo estava preso no meu rosto. Peguei minha taça de vinho e tomei um gole, sentindo o líquido caro descendo suave como seda.
A noite estava sendo... inacreditável. Esta vida como "esposa de Arthur Vasconcelos" estava sendo inacreditável. De um jeito bom.
Ele não era só o "Senhor Vasconcelos", ou o amante habilidoso que me desmontou na mesa do escritório. Ele era engraçado. Ele era interessante. Sinto que poderíamos nos encaixar em qualquer coisa.
A sensação de esperança era frágil, como uma bolha de sabão, e eu tinha medo de que qualquer coisa pudesse estourá-la.
Eu estava tão perdida em meus próprios pensamentos, sorrindo para minha taça de vinho, que não notei a sombra que caiu sobre a mesa.
Pensei que fosse o garçom vindo reabastecer a bebida.
— Com licença...
Levantei minha cabeça, com o sorris