O quarto estava em silêncio, com a luz do amanhecer filtrando-se suavemente pelas cortinas. O celular de Helena vibrava sobre a mesa de cabeceira, exibindo insistentemente o nome Clara. Eduardo, sentado na poltrona desde a madrugada, observava o visor brilhar pela quarta vez.
Ele pegou o aparelho, hesitou por um momento e então atendeu.
— Alô?
Do outro lado da linha, houve um breve silêncio.
— Quem fala? — perguntou a mulher, confusa.
— Eduardo.
— Eduardo...? — a voz vacilou, como se tentando ligar os pontos. — O Eduardo... marido da Helena?
— Sim — respondeu, contido.
Clara ficou em silêncio por um instante. Ela sabia da história do casamento de fachada. Sabia também que Helena não confiava facilmente nos outros. Ter aquele homem atendendo seu celular, numa manhã como aquela, parecia estranho demais.
— Você está com o telefone dela? Onde ela está?
— Ela só está descansando. Ontem foi um dia difícil pra ela. — A voz de Eduardo era firme, mas não agressiva. Ele não dava mais informaçõe