Helena tentava se concentrar no notebook à sua frente, mas era impossível. As palavras do relatório se embaralhavam, transformando-se em borrões indecifráveis. O trabalho remoto deveria ser sua âncora, um resquício de normalidade no meio da tempestade, mas cada vez mais parecia um castelo de cartas prestes a desmoronar.
O celular vibrava incessantemente sobre a mesa, anunciando notificações que ela não queria ler. Mas a curiosidade, mesclada ao medo, falava mais alto. Com mãos trêmulas, destravou a tela.
"Secretária interesseira."
"Golpista de luxo."
"Casou por dinheiro, típica oportunista."
Os comentários eram cruéis, impiedosos. O julgamento vinha de todos os lados—pessoas que ela nunca tinha visto falavam sobre ela com uma certeza ofensiva, como se fossem íntimas de sua história, como se pudessem enxergar dentro de sua alma.
E como veneno, aquelas palavras se infiltravam lentamente em sua mente, corroendo sua confiança e minando suas forças.
A foto dela e de Eduardo no cartório est