A mesa de jantar estava impecável, cada detalhe milimetricamente pensado: os talheres alinhados em perfeita ordem, as taças de cristal refletindo o brilho quente do lustre e os pratos dispostos como se fossem peças de uma vitrine. O aroma sofisticado dos pratos recém-preparados impregnava o ar, mas nada disso suavizava a tensão que pairava sobre a sala. Era como se cada gesto, cada respiração, fosse observado e medido.
Os empregados circulavam em silêncio ensaiado, servindo vinho tinto nas taças. Quando um deles se aproximou de mim, a resposta saiu firme:
— Para mim, apenas água com gás, gelo e uma rodela de limão, por favor.
O simples pedido foi suficiente para despertar o veneno de Juliana. Seus lábios se curvaram num sorriso malicioso, daqueles que já carregam veneno antes mesmo das palavras.
— Ainda tem medo de bebidas, Leandra? — provocou, inclinando a cabeça como quem joga uma isca. — Ou será por causa daquele... detalhe triste do passado?
O coração acelerou, e a memória latejou