Capítuo 07 (Soo-ah)

Meu pai havia ficado internado. E os meus irmãos precisavam comer.

Ali na porta daquele hospital, esperando saber notícias do meu paizinho, eu chorei. Chorei em silêncio, angustiada, devastada.

Por que o mundo era daquele jeito? Uns tinham rios de dinheiro e outros, nada!

Culpa de Deus, ou culpa de nós mesmos?

De Deus, eu sabia que não. De nós mesmos… às vezes sim, às vezes não.

Muitos vão à luta. Dão o seu sangue, o seu suor, mas nem sempre são valorizados, reconhecidos.

E outros não vão à luta, mas alguém os empurra… e eles decolam.

Roubar eu não ia. Pelo menos aquilo seria a última coisa que eu faria.

Mas meus irmãos… eles estavam com fome. E eu precisava fazer algo. Talvez um emprego e um adiantamento resolvessem por enquanto.

Pelo menos no hospital, meu pai teria comida. Isso era a única coisa boa até então.

Foi quando achei o jornal.

Estava revirando uma lixeira, tentando encontrar algo que servisse de alimento ou ao menos um pedaço de pano para tapar o frio, quando meus dedos esbarraram nas folhas amassadas.

No meio do papel molhado e rasgado, havia um anúncio ainda legível:

“Procura-se atendente para servir café. Sem experiência, treinamento incluso. GeumSeong Living. Apresentar-se pessoalmente.”

GeumSeong Living.

Aquela era a empresa que dominava o mercado de design de interiores de alto padrão e soluções inteligentes para casas luxuosas.

Todo mundo em Seul sabia que aquele nome era sinônimo de riqueza, tecnologia e perfeição.

Não ficava muito perto do hospital, mas eu iria a pé se fosse preciso.

E fui.

Caminhei por duas horas até chegar ao imponente edifício espelhado, com as letras douradas estampadas no topo: GeumSeong Living.

Me senti tão pequena ali em frente, com minha roupa rasgada, meu corpo exausto, meu rosto sujo. Mas mesmo assim, entrei.

Fui até a recepção e pedi para falar com o responsável pelas contratações.

Foi quando conheci Go-eun. A secretária da empresa. Fina. Fria. E escrota.

— Já preenchemos a vaga — disse ela, me olhando da cabeça aos pés, como se eu fosse um inseto nojento que ousava invadir seu impoluto ambiente.

— A vaga já foi preenchida!

— Não foi! — retruquei, com os olhos firmes, mesmo sentindo a garganta fechar.

— Se não sair, vou chamar os seguranças! Mesmo se a vaga ainda estivesse aberta, você jamais seria contratada! Olha a sua aparência! Você está fedendo a lixo!

Respirei fundo.

— Eu já estive em uma posição melhor… e agora estou assim. — Disse, abrindo os braços, expondo minha condição. — Olha, eu preciso desse emprego. Meu pai está no hospital, e os meus irmãos estão vivendo na rua, debaixo de uma barraca. Eles não têm o que comer.

Por um segundo, vi algo mudar no rosto dela. Go-eun hesitou. A raiva deu lugar a algo que poderia ser compaixão.

— Eu… o que posso fazer é lhe dar algum dinheiro. Mas eu seria despedida se contratasse você.

E foi quando ouvi.

Aquela voz.

Firme. Máscula. Familiar.

— Não seria não.

Me virei devagar, com o coração disparado.

E ali estava ele.

O príncipe da noite passada.

Eun-woo.

Com seu terno escuro impecável, os cabelos perfeitamente penteados, e aquele olhar firme que parecia atravessar a alma.

— Senhor... — Go-eun engasgou. — Eu... não sabia que...

— Ela é a candidata à vaga, não é? — ele disse, olhando diretamente para mim.

Assenti, sem conseguir falar nada.

— Então contrate-a. Agora.

Go-eun gaguejou algo inaudível e desapareceu.

Ele se aproximou de mim com calma, e o mundo pareceu parar por um instante.

— Eu achei que não fosse te ver de novo — ele disse, com um sorriso de lado.

— E eu achei que não ia conseguir chegar até aqui — respondi, ainda em choque.

— Você chegou. E agora, Soo-ah… — ele colocou a mão levemente em meu ombro — vamos mudar sua vida.

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