Mundo ficciónIniciar sesiónA expressão dela era de incredulidade.
Entrei com Soo-ah para a minha sala. Lá dentro, ela olhava tudo ao seu redor com olhos grandes, maravilhados e inseguros ao mesmo tempo.
Assim que fui para trás de minha mesa, pedi para que ela se sentasse. Ela hesitou um pouco, como se não soubesse se era permitido.
— Sente-se. — Disse gentilmente.
Ela o fez, ajeitando-se na cadeira com timidez.
— Parece que os nossos caminhos estão realmente cruzados, não?
— Eu estou realmente sem palavras. A gente se encontrando de novo... Quando vi o anúncio de emprego no jornal, nunca poderia imaginar que o senhor...
— Fosse o dono... o CEO. Mas por favor, não me chame de senhor. Ontem você estava mais à vontade comigo.
— Se vai me dar o emprego, vai ser meu patrão... É sinal de respeito.
— Está bem, mas só na empresa. Fora daqui, nada de "senhor" — falei com um sorriso.
— Acho que teremos contato só na empresa, senhor. O senhor matou a minha fome e da minha família, e agora vai me dar um emprego. Já está fazendo o suficiente para uma pessoa que o senhor nem conhece.
— Não vamos nos ver só na empresa, isso eu garanto, Soo-ah. Mas por enquanto, vamos falar sobre o serviço.
— Sua secretária não gostou de mim.
— É só no começo. A primeira impressão que temos dela é assustadora, mas depois você passa a vê-la com outros olhos. Eu ouvi você dizer para ela que seu pai está internado...
Ela sorriu de leve, triste.
— Posso lhe dar um adiantamento pelo serviço que prestará aqui na nossa empresa. Daria para você alugar dois quartos de pensão, tirar sua família da rua e garantir alimentação.
— Desculpe eu perguntar, mas por que está sendo tão bom comigo?
— Ajudo você, e depois, se puder, você me ajuda.
Ela sorriu, confusa.
— Em que eu poderia ajudar o senhor? Sou uma miserável. Só vou servir para servir cafezinho...
— Não fale assim. Se der de você me ajudar depois, tudo bem. Senão, não vou lhe cobrar nada. Você continuará no seu emprego, sustentando sua família.
Eu me inclinei levemente para a frente, observando-a com seriedade.
— Estou curiosa sobre em que eu poderia ajudar o senhor.
-- Não se preocupe, não é nada ilegal. Primeiro, tire seus irmãos da rua. Alugue dois quartos de pensão, para o seu pai ter onde ficar quando sair do hospital.
Tirei o cartão de crédito do bolso interno do meu paletó e estendi para ela.
— Use o meu cartão para o que quiser.
Ela arregalou os olhos.
— Isso é um cartão de crédito! Nem me conhece direito... como pode me dar um cartão de crédito? Desculpe, mas eu não posso aceitar. Me dê apenas um dinheiro em espécie. Um cartão de crédito não... eu me sinto até mal por isso. Não pode confiar assim tanto nas pessoas...
Saí de trás da minha mesa e fui até ela. Peguei sua mão suavemente e coloquei o cartão em sua palma.
— Eu confio em você.
— Mas, senhor...
— Vai. Procure o quarto de pensão. Seus irmãos devem estar com fome. Precisa alimentá-los e aquecê-los, pois o frio continua lá fora.
Ela começou a chorar naquele momento.
E eu me senti mal. Por mais que estivesse ajudando, no fundo eu sabia... eu tinha um interesse.
Se ela fosse fértil, tivesse boa saúde e fosse virgem como eu imaginava... eu faria uma proposta. Uma proposta para que fosse minha esposa. Mãe do meu filho.
Não queria me prender a nenhuma mulher. Não queria amor. Não queria laços. Só queria cumprir o último desejo do meu pai.
Talvez por isso eu me sentisse tão culpado. Tão sujo.
— Aproveite e compre roupas também. Não só para você. Para os seus irmãos. Para seu pai também. Ah, aqui está o meu cartão pessoal. Me ligue se precisar de qualquer coisa. Melhoras para o seu pai.
Ela segurou o cartão com as mãos trêmulas e, entre lágrimas, agradeceu.
Eu a vi sair, e naquele momento, soube:
Minha vida não ia mais ser a mesma.







