Won-gil, a mãe de Eun-woo, havia percebido que havia algo errado com o marido desde os assassinatos. A forma como ele mastigava devagar, sem prestar atenção ao prato, os silêncios longos, o olhar perdido. Ela conhecia aquele homem havia décadas. Conhecia cada ruga de expressão, cada gesto de ansiedade.
Depois de recolher os pratos e guardar a sobremesa na geladeira, ela se sentou ao lado dele no sofá, de onde ouvia-se, ao fundo, a melodia suave de uma ópera italiana. A luz baixa da luminária criava uma atmosfera íntima, mas a tensão de Soon-do era palpável.
— Soon-do, estamos casados há muitos anos — disse ela, sua voz baixa e firme — e eu sei quando algo está lhe preocupando, te incomodando. O que foi? Aconteceu alguma coisa?
Ele respirou fundo antes de responder, os olhos fixos em um ponto qualquer da sala.
— Eun-woo vai se casar com Soo-ah apenas para me dar um neto.
Ela franziu a testa, surpresa.
— De onde tirou uma coisa dessas? Eu sei que o nosso filho sempre foi contra se casar