Capítulo 5 – A Pressa do Meio-Dia

O sol já estava alto quando o último cliente saiu do café, deixando para trás o cheiro de café fresco e croissants de amêndoas. Elize recolheu os guardanapos das mesas do térreo com agilidade, lançando olhares rápidos para o relógio no pulso.

— Mada, vou correndo. Se eu não sair agora, chego atrasada na prova!

— Vai lá! Leva a minha scooter — respondeu Madalena, estendendo a chave. — Deixa na sua casa mesmo e põe a chave debaixo do tapetinho.

— Você é um anjo — disse Elize, já ajeitando o avental para tirá-lo. — Boa sorte com o turno da tarde!

— Boa sorte com as leis que você adora odiar!

Elize riu e saiu em disparada pelas ruas inclinadas da Baía das Abelhas. Montou na pequena scooter branca de Madalena e subiu como uma flecha pelas ruelas estreitas, desviando com familiaridade das pedras soltas e dos gatos sonolentos estendidos no meio do caminho.

Chegando em casa, estacionou rápido, escondeu a chave como prometido e subiu correndo os dois lances até seu apartamento.

Tirou o uniforme com pressa, prendeu os cabelos em um coque improvisado e tomou um banho frio que serviu mais para despertar do que para relaxar. Vestiu jeans escuro, tênis e uma camisa branca. Pegou sua mochila, agora cheia de códigos e anotações grifadas em rosa.

Dessa vez, pegou sua própria scooter — uma vermelha, já um pouco surrada, mas valente. Elize atravessou a cidade com o vento no rosto e um fone só no ouvido, ouvindo mentalmente o resumo das aulas que gravava com a própria voz.

O prédio da universidade surgiu no horizonte, imponente, com seus vidros espelhados refletindo o sol da tarde. Ela entrou apressada e se jogou na cadeira antes mesmo da professora entregar as folhas da prova. Respirou fundo.

Por mais caótico que fosse o seu dia, ali dentro ela se transformava. Era quase como vestir outra pele: a de Elize, a aluna aplicada, futura advogada.

Horas depois, ao sair da sala já de noite, soltou um suspiro longo. O pior tinha passado. Ela se espreguiçou no corredor vazio e, ao sair do prédio principal, foi atingida pela brisa fria da noite.

Antes de ir embora, parou diante do mural central da universidade. Entre eventos culturais e avisos de recuperação, um cartaz em destaque anunciava o Congresso Nacional de Direito Penal, que ocorreria dali a alguns dias. Vários nomes importantes estampavam o cartaz. Um, em especial, chamou sua atenção:

Henrique Villamar

Ela estreitou os olhos. Não havia foto do convidado, mas o nome não lhe era estranho.

— Direito Penal não é muito a minha área mesmo — murmurou, dando de ombros e virando-se para ir embora. — Mais um evento cheio de gente que fala difícil e não escuta ninguém.

Descendo as escadas com os livros apertados contra o peito, montou novamente na scooter vermelha.

Enquanto acelerava pelas avenidas já quase desertas, não fazia ideia de que aquele nome no cartaz carregava um pedaço de sua história. Nem que, em breve, seus caminhos se cruzariam de novo.

Sigue leyendo este libro gratis
Escanea el código para descargar la APP
Explora y lee buenas novelas sin costo
Miles de novelas gratis en BueNovela. ¡Descarga y lee en cualquier momento!
Lee libros gratis en la app
Escanea el código para leer en la APP