Ágatha soltou uma risada curta, forçada, tentando limpar o ar denso ao redor da mesa.
— Vamos falar de outra coisa? Estamos num jantar em família, afinal… E eu passei a tarde inteira preparando tudo isso.
Ela esticou o braço, ajeitando distraidamente uma das taças, como se aquilo pudesse organizar também os sentimentos confusos que começavam a borbulhar dentro dela.
Mas Arthur não deixou passar. Sorriu com um quê de amargura.
— Tem razão, mãe. Me desculpa.
Fez uma pausa, e então completou com um tom mais firme:
— É que… considerando que a gente cresceu em uma casa onde só se falava de petições, jurisprudência e nomeações judiciais, achei que tocar nesse assunto seria quase nostálgico.
O garfo de Ágatha pousou no prato sem que ela provasse a comida.
Ela tentou manter a postura, mas o toque nos cabelos, o ajeitar nervoso da pulseira e o olhar desviado denunciaram.
O nome Vicentini incomodava — e Arthur sabia disso.
— Isso é uma injustiça — ela rebateu, olhando diretamente para