Depois disso, Ágatha não disse mais nada. Nem uma palavra fora do necessário.
Augusto, ao perceber que não recuperaria o controle da conversa, também se recolheu — com a dignidade ferida de quem está acostumado a comandar e não ser desafiado.
O restante do jantar foi como um velório sem mortos declarados.
Apenas garfos tilintando nos pratos, frases esparsas como “o vinho está bom” ou “mais arroz?”, e olhares que diziam mais do que qualquer brinde.
Arthur mastigava devagar, observando cada gesto dos pais.
Henrique, com a postura reta e fria, também não perdeu mais tempo com cortesias.
Quando a sobremesa foi servida — um pavê decorado com raspas de chocolate — ninguém tocou. Nem mesmo Ágatha, que sempre dizia que o doce era seu ponto fraco.
Ao final, os filhos se levantaram quase ao mesmo tempo.
— Boa noite, pai. Mãe. — Arthur falou por ambos, com um sorriso educado demais pra ser sincero.
Henrique apenas assentiu. Os dois saíram sem pressa, mas com o mesmo pensamento