Depois de deixar o escritório, Henrique foi para casa. Ao chegar no prédio, desligou o carro e ficou ali, parado por alguns segundos na garagem.
O silêncio do veículo preenchia os espaços que Elize havia deixado — o perfume no ar, a risada ainda ecoando, o jeito como ela tinha olhado para ele antes de descer.
O banco do carona parecia mais próximo do que nunca.
Ele sorriu sozinho, mas o sorriso murchou rápido.
Como uma sombra invadindo a cena, a lembrança da reunião com Augusto apareceu com nitidez: o tom de voz áspero, as palavras envenenadas, a humilhação pública.
Respirou fundo.
Não era só sobre Elize.
Era sobre tudo aquilo que vinha engolindo calado há anos.
A postura de Augusto. O controle disfarçado de zelo. A guerra fria dentro da própria casa.
Sem pensar duas vezes, girou a chave novamente e deu ré.
Não era do pai que ele precisava.
Era da mãe.
Se alguém podia explicar de onde vinha tanta resistência, tanto rancor velado, era Ágatha.
E, talvez, pe