O riso deles ainda pairava no ar quando o celular de Elize vibrou no console.
Ela esticou o braço, ainda meio sem coordenação, e leu a notificação:
Glória: “Mulher, onde você foi parar? O velho saiu cuspindo fogo.”
Elize soltou um suspiro entre divertido e nervoso.
— A realidade tá chamando — disse, virando a tela para Henrique.
Ele leu e passou a mão no rosto, como se só agora lembrasse onde estavam.
Mas antes que pudesse dizer algo, ambos viram um vulto passar pelo vidro dianteiro.
Um homem caminhando apressado entre os carros, com o paletó pendendo do braço e o cenho franzido.
Era Augusto.
Henrique ficou tenso no mesmo instante. Elize congelou.
Mas o juiz aposentado não olhou pro carro. Nem parecia ter notado a SUV estacionada ali. O insufilm escuro mantinha os dois mergulhados em sombra.
Quando ele entrou atrás de outro carro e desapareceu, os dois finalmente voltaram a respirar.
— Isso foi por pouco — ela murmurou, sem conseguir tirar os olhos do lugar o