O burburinho matinal do escritório dava sinais de vida. Risadas tímidas, o tilintar de xícaras de café, o som dos teclados preenchendo o ar como uma trilha de rotina.
Elize chegou com o cabelo preso em um coque baixo, e nos olhos ainda inchados da noite mal dormida havia passado apenas uma maquiagem leve, mas foi recebida com os sorrisos de sempre.
— Trouxe pão de queijo, Elize — disse Glória, estendendo um guardanapo com três ainda quentinhos.
— Aproveita que não é todo dia que a Glória oferece comida assim — completou Rodrigo.
Ela sorriu com gratidão, tentando ignorar o frio na barriga que não vinha da fome.
Desde o baile, desde os olhos de Augusto fixos nela por tempo demais, ela sabia que o sermão dele viria. Só não sabia quando.
No momento em que a porta do elevador se abriu com um aviso metálico e a figura imponente de Augusto Villamar surgiu, ela se endireitou na cadeira, como quem se prepara para o impacto.
O silêncio caiu em segundos. Como se a gravidade mudasse no amb