Os aplausos ecoaram pelo salão. Alguns entusiasmados, outros apenas por educação.
Elize acompanhava de longe, ao lado de Henrique, com uma expressão difícil de decifrar.
Augusto subiu os degraus do palco com a mesma austeridade com que conduzia a própria vida: queixo erguido, passos calculados, nada fora do lugar.
— Boa noite. — Sua voz firme dominou o microfone sem esforço. — Estar aqui esta noite é, acima de tudo, reafirmar um compromisso. Com a lei. Com os valores. E com a tradição.
Henrique bufou discretamente. Elize, ao lado, captou o gesto.
— Traduz pra mim depois? — sussurrou ela, tentando disfarçar o nervosismo com leveza.
Ele sorriu de canto, mas não respondeu. Os olhos fixos no pai.
— Em tempos em que se preza mais o improviso do que a solidez — continuou Augusto, com o tom de quem se esforçava para parecer genérico — é fácil se deixar levar por escolhas apressadas. Por aparências. Por... distrações.
Um burburinho se espalhou como fumaça entre as mesas. Olh