Rendição

 A noite caiu sobre São Paulo com uma lentidão quase poética. As luzes da cidade piscavam como confissões silenciosas, e Helena observava tudo da janela de seu apartamento, um copo de vinho na mão e a mente em turbilhão.

 Desde a coletiva, ela havia se mantido distante. De Arthur. Da empresa. De si mesma. Precisava de espaço para entender o que sentia — e o que desejava. Mas o silêncio não trouxe respostas. Trouxe saudade.

 O interfone tocou. Ela hesitou antes de atender.

 — Helena? — a voz grave e familiar ecoou. — Sou eu.

 Arthur.

 Ela não respondeu. Apenas apertou o botão que liberava a entrada.

 Minutos depois, ele estava ali, parado à porta, com o mesmo olhar intenso que a desarmava. Vestia uma camisa escura, os cabelos levemente desalinhados, como se tivesse vindo direto do caos.

 — Você sumiu — disse ele, sem acusação. Apenas constatação.

 — Eu precisava pensar.

 — E pensou?

 Ela assentiu, devagar.

 — Pensei que fugir de você não me protege. Só me afasta do que eu realmente quero.

 Arthur deu um passo à frente, e ela não recuou.

 — E o que você quer?

 Helena olhou nos olhos dele, sem medo.

 — Você.

 A palavra saiu como um sussurro, mas carregava o peso de tudo que ela havia reprimido. Arthur não disse nada. Apenas se aproximou, com a calma de quem sabe que o momento é inevitável.

 O toque veio devagar. Primeiro, os dedos roçando os dela. Depois, a mão em sua cintura. E então, o beijo — suave no início, como uma pergunta, depois intenso, como uma resposta.

 Helena se entregou. Ao calor, ao desejo, à verdade. As mãos dele exploravam sua pele com reverência, como se cada centímetro fosse sagrado. Ela sentia o mundo desaparecer, restando apenas os dois, ali, naquele instante suspenso entre o querer e o ter.

 Arthur a conduziu até o sofá, sem pressa. Os olhares se encontravam entre cada gesto, como se estivessem escrevendo uma nova história, sem palavras, só sensações.

 Ela deslizou os dedos pela nuca dele, sentindo os músculos tensos, o corpo quente, o coração acelerado. Ele a olhava como se fosse feita de luz — e ela, pela primeira vez, se sentia inteira.

 As roupas foram deixadas de lado, não como urgência, mas como libertação. Cada peça removida era uma barreira a menos, uma entrega a mais.

 Arthur a deitou com cuidado, como quem protege o que ama. E ali, entre suspiros e carícias, Helena descobriu que o desejo não era só físico — era emocional, era mental, era tudo.

 Eles se tocaram como quem reconhece, como quem pertence. E quando finalmente se uniram, não foi apenas corpo. Foi alma.

 A noite se estendeu em murmúrios e promessas silenciosas. E quando o silêncio enfim os envolveu, Helena estava nos braços dele, com a cabeça apoiada em seu peito, ouvindo o som do coração que, por tanto tempo, ela tentou ignorar.

 — Isso muda tudo — disse ela, baixinho.

 Arthur acariciou seus cabelos.

 — Ou talvez só revele o que sempre esteve aqui.

 Ela sorriu, com os olhos fechados.

 — Não quero mais fugir.

 — Então fica.

 E ela ficou.

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