Ecos do amanhecer

 O sol começava a nascer, tingindo o céu de tons dourados e suaves. Helena acordou com a luz invadindo o quarto, os lençóis ainda bagunçados, o corpo envolto em uma calma rara. Arthur dormia ao seu lado, o rosto sereno, como se por algumas horas tivesse deixado de ser o homem implacável que comandava a Imperium Capital.

 Ela o observou em silêncio, tentando entender o que aquilo significava. A noite anterior havia sido mais do que entrega física — havia sido rendição emocional. E agora, com o dia começando, tudo parecia mais real. Mais perigoso.

 Arthur abriu os olhos devagar, como quem desperta de um sonho que não quer terminar. Ao vê-la, sorriu com suavidade.

 — Bom dia.

 Helena retribuiu o sorriso, mas havia algo em seu olhar que ele percebeu imediatamente.

 — Está arrependida?

 Ela negou com a cabeça.

 — Só estou pensando no que vem depois.

 Arthur se sentou, apoiando os cotovelos nos joelhos.

 — O depois sempre vem. Mas não precisa ser uma ameaça.

 Helena se levantou, vestindo a camisa dele que estava jogada no chão. Caminhou até a janela, observando a cidade que começava a se mover.

 — Elias não vai parar. E agora que estamos... juntos, ele pode usar isso contra nós.

 Arthur se aproximou, abraçando-a por trás.

 — Que ele tente. Não temos nada a esconder.

 — Você tem uma reputação. Eu tenho uma carreira. E isso... — ela virou-se para encará-lo — isso pode ser usado como fraqueza.

 Arthur tocou o rosto dela com delicadeza.

 — Ou como força. Depende de como escolhemos jogar.

 ---

 Horas depois, Helena estava de volta à Imperium, com o cabelo preso e o rosto sério. A noite anterior parecia um segredo guardado sob a pele, invisível aos olhos dos outros, mas pulsante em cada gesto.

 Ela entrou em sua sala e encontrou Beatriz esperando por ela, com uma expressão que misturava curiosidade e preocupação.

 — Você sumiu ontem. Está tudo bem?

 Helena hesitou por um segundo.

 — Está. Só precisei de um tempo.

 Beatriz a olhou com atenção.

 — Tempo com Arthur?

 Helena não respondeu. Mas o silêncio foi suficiente.

 — Helena... você sabe que isso pode complicar tudo, né?

 — Eu sei. Mas não posso fingir que não aconteceu. E não posso fingir que não importa.

 Beatriz suspirou.

 — Então só prometa que vai manter a cabeça no lugar. Porque Elias já está se mexendo. E não vai jogar limpo.

 ---

 Na reunião do conselho, Elias reapareceu. Com o rosto impassível e a postura arrogante, ele parecia mais calculado do que nunca.

 — Recebi informações preocupantes — disse ele, olhando diretamente para Helena. — Sobre envolvimento pessoal entre membros da diretoria. Relações que podem comprometer decisões estratégicas.

 Helena manteve a expressão neutra.

 — Se está se referindo a mim, sugiro que apresente provas. Ou se cale.

 Elias sorriu, venenoso.

 — Não preciso de provas para levantar dúvidas. Basta que elas existam.

 Arthur interveio, com a voz firme.

 — A vida pessoal dos membros da diretoria não é pauta desta reunião. A menos que haja evidências de conflito de interesse, sugiro que voltemos à fusão.

 Elias recuou, mas o recado estava dado. Ele não atacaria diretamente — jogaria com insinuações, com veneno sutil.

 Helena saiu da reunião com o coração acelerado. Arthur a alcançou no corredor.

 — Ele está tentando te desestabilizar.

 — E está quase conseguindo.

 Arthur parou diante dela.

 — Não deixe. Você é mais forte do que ele. E mais inteligente.

 Ela o olhou, tentando encontrar firmeza nas palavras dele.

 — E se eu cair?

 — Eu caio com você.

 ---

 Naquela noite, Helena voltou para casa sozinha. Precisava de espaço. Precisava pensar. Mas ao abrir a porta, encontrou um envelope no chão. Sem remetente. Apenas seu nome escrito à mão.

 Dentro, havia fotos. Ela e Arthur. No elevador. No estacionamento. Na entrada do prédio.

 Ela sentiu o sangue gelar.

 Era uma ameaça.

 Pegou o celular e ligou para Arthur.

 — Recebi fotos. De nós dois. Alguém está nos vigiando.

 Arthur ficou em silêncio por alguns segundos.

 — Elias.

 — Não há provas.

 — Ainda não. Mas vamos encontrar.

 Helena olhou para as fotos novamente. E sentiu algo diferente. Não medo. Raiva.

 — Ele quer me fazer recuar. Mas agora é pessoal.

 Arthur respondeu com firmeza.

 — Então vamos lutar. Juntos.

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