Helena encarava a foto em suas mãos como se fosse uma arma. Ela e Arthur, dormindo juntos, capturados por uma lente invisível. A imagem era recente. Íntima. Invasiva. E mais do que tudo, era um aviso: alguém estava observando. Alguém havia estado ali.
Ela se levantou do sofá com o coração disparado. Trancou todas as portas, verificou as janelas, olhou cada canto do apartamento. Nada parecia fora do lugar — e isso só tornava tudo mais perturbador.
Ligou para Arthur. A voz dele veio firme, mas com uma tensão que ela reconhecia.
— Estou indo aí agora.
— Não. — Helena respondeu. — Se alguém está nos vigiando, vir aqui pode ser exatamente o que ele quer. Preciso pensar. Sozinha.
Arthur hesitou.
— Helena...
— Me dá uma hora. Só uma. Depois disso, você pode vir.
Ela desligou antes que ele pudesse insistir. Precisava de silêncio. Precisava de foco.
Sentou-se à mesa com a foto diante de si. Virou-a, procurando qualquer marca, qualquer pista. Nada. Papel comum. Impressão nítida. Mas havia algo