Nova York era barulhenta, veloz, impaciente. Helena sentia isso no corpo desde o primeiro dia. O ritmo da cidade não permitia hesitação. Cada passo era uma decisão, cada olhar uma cobrança. E ela, mesmo experiente, sentia-se estreante.
O escritório da Vanguard ficava em um arranha-céu de vidro, com vista para o Hudson. Helena ocupava uma sala ampla, mas fria. Os dias eram preenchidos por reuniões, relatórios, negociações. À noite, o silêncio era absoluto e diferente do silêncio que ela conhecia com Arthur.
Ela falava com ele por mensagens, às vezes por chamada. Mas havia algo que não se dizia. Algo que ficava entre as palavras.
“Como está Paris?”
“Chuvosa. Mas bonita.”
“E você?”
“Esperando. Mas vivendo.”
Helena lia e relia essas respostas. Não havia cobrança. Não havia dor. Mas havia espaço. E ela não sabia se isso era bom ou perigoso.
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Uma tarde, após uma reunião intensa, Helena caminhou pelo Central Park. O outono tingia as árvores de dourado, e o vento trazia lembranças.