O apartamento em Nova York estava quieto. Helena havia deixado a janela aberta, e o som da cidade entrava como um sussurro distante. Arthur estava sentado no sofá, com uma xícara de chá nas mãos. Ela, encostada na moldura da porta, observava.
Eles não falavam há alguns minutos. Não por desconforto mas porque havia coisas que só o silêncio conseguia sustentar.
Helena se aproximou devagar, sentando-se ao lado dele. Arthur olhou para ela, mas não disse nada. Apenas estendeu a mão, e ela segurou.
Ali, entre os dedos entrelaçados, havia mais do que palavras poderiam oferecer.
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Naquela tarde, eles caminharam pelo High Line. O céu estava limpo, e o vento trazia o cheiro das árvores misturado ao concreto. Helena sentia que o tempo entre eles havia mudado de forma. Já não era contagem. Era presença.
Arthur parou diante de uma instalação artística — uma escultura de metal retorcido que parecia resistir ao espaço.
— Isso me lembra a gente — disse ele, finalmente.
Helena sorriu.
— Imperfeitos