Emily
Três meses.
Era isso que o calendário marcava desde o dia em que fui embora sem olhar para trás. Três meses em que aprendi a respirar sem o cheiro dele, a dormir sem o peso do seu nome nos meus sonhos.
Mas esquecer... esquecer é outra coisa.
Me instalei numa cidade pequena no interior de Vermont. Nada de prédios altos ou ruas movimentadas. Só campos, uma biblioteca antiga e o som das folhas arrastadas pelo vento. Era exatamente o que eu precisava: anonimato, paz, reconstrução.
Encontrei trabalho como assistente numa pequena livraria chamada “Northern Words”. A dona, uma senhora de sessenta e poucos anos chamada Margot, me contratou após dez minutos de conversa. Ela nem perguntou sobre meu passado. Apenas olhou nos meus olhos e disse:
—Alguém com esse olhar precisa estar entre livros. Eles sabem guardar segredos.
Durante as primeiras semanas, minha rotina era simples. Acordava cedo, caminhava até a livraria, organizava os livros, limpava prateleiras, lia durante as tardes silenci