A manhã chegou com cheiro de terra molhada e nuvens arrastadas. Rafael havia saído cedo com Sol para ver o gado. Manu dormia encolhida, sonhando entre seus desenhos inacabados. Lívia, sozinha na cozinha, tomava café quando o celular vibrou com uma notificação que não esperava.
Era um e-mail.
Assunto: “Convite oficial – Coordenação de Projetos Infantis | ONG Criança Voa”
Lívia leu, releu, e depois leu mais uma vez.
Era uma proposta. Uma vaga que ela mesma havia se inscrito meses antes, num momento de desespero ainda na cidade grande, quando achava que precisaria recomeçar tudo longe. Eles haviam analisado seu currículo, seus projetos sociais com mães solteiras, e agora queriam contratá-la — com salário fixo, estabilidade e mudança para Florianópolis.
Um outro mundo.
Um mundo distante de tudo que agora fazia seu coração bater diferente.
Rafael. Manu. A casa azul. Os silêncios cheios de presença.
Ela saiu para o quintal, tentando controlar a ansiedade. O som dos pássaros parecia debochar