A presença do pai de Manu na casa azul era como uma poeira fina que se recusava a assentar. Ele ficava em silêncio durante o dia, mas seus olhos estavam em todos os lugares: observando Manu brincar, avaliando Lívia como se tentasse decifrar uma mulher que ele nunca se deu o trabalho de conhecer.
Lívia tentava manter a calma. Para Manu, era tudo uma brincadeira nova. A inocência da filha a feria com ternura: ela chamava o pai de “moço” e perguntava o tempo todo se ele voltaria no dia seguinte. O coração de Lívia apertava a cada gesto, cada esperança que a menina construía com tijolos frágeis demais.
E Rafael… Rafael mantinha-se afastado. Como se quisesse respeitar o espaço dela — ou talvez estivesse tentando se proteger da dor que já conhecia tão bem.
Na terceira noite desde a chegada do ex, ela não aguentou. Saiu de casa descalça, sentindo o frio da terra nos pés, e caminhou até a cerca onde Rafael costumava ficar com Sol. Lá estava ele, como sempre: calado, firme, mas com os olhos ma