— Eu sou bom com muitas coisas, Olívia… — As palavras de Dante a fizeram corar. — E se você quiser, eu posso mostrá-las a você. — Quero que me mostre… — Ela ousou em levar suas próprias mãos até os braços dele, subindo lentamente por cada veia saliente, até chegar em seu bíceps bem definido. Continuou, subindo ainda mais, fincando as unhas no pescoço do mais velho, o puxando para si apenas para sentir seu hálito mais de perto. — … quero que me mostre você por inteiro, Dante. (...) Na noite em que Olivia planeja confessar seus sentimentos por Lucas, seu melhor amigo, seus planos são arruinados. Desolada e com o coração partido, ela caminha sozinha sob a chuva, tentando escapar da humilhação. É então que ela cruza o caminho de Dante Salvatore, o homem que mudaria o curso de sua vida. Olivia sabe que se entregar a Dante pode arruinar sua vida, mas ela não consegue resistir. Professor da faculdade onde estuda, com o dobro da sua idade, e pai de seu melhor amigo, Dante Salvatore representa tudo o que pode destruí-la. E, talvez, esse seja o motivo para ela o querer tanto.
Ler maisOlivia Fernandes
Acordei assustada. Sentei-me na cama, ofegante, esfregando as mãos sobre o rosto na tentativa de afastar os pensamentos torturantes que me consumiam.
Por sete dias consecutivos, eu acordava desse mesmo jeito. Atordoada, desconcertada, com vergonha e suando de calor.
Ao fechar os olhos, conseguia lembrar nitidamente do sonho realista que vinha tendo quase todos os dias por uma semana. Lembrava-me da intensidade dos toques, do cheiro dele, das sensações avassaladoras que me consumiam ao me permitir ter um gosto do que poderia viver, caso não fosse tão… medrosa.
Era assim que me sentia toda vez que o via.
Lucas, meu melhor amigo da faculdade. O garoto popular que é o sonho de todas as garotas do ensino médio, mas que, diferente dos que conheci durante a época do colégio, era bonito, gentil e inteligente.
Por isso, sempre acreditei que deveria ser uma armadilha. Algo Lucas deveria esconder atrás de todas as coisas boas que permitia que os outros vissem sobre si. Um comportamento tóxico, uma mania irritante, algum mau hábito de higiene, algo que não o fizesse ser tão… perfeito.
Porém, em um ano de convivência, nunca encontrei nada. Nada que fizesse as borboletas no meu estômago desaparecerem, que cortasse de vez o sentimento pungente que surge toda vez que o vejo na minha frente.
E isso me frustrava. Não porque eu quero descobrir algo ruim sobre ele para prejudicá-lo, mas porque quero me livrar da sensação de impotência que sinto ao não conseguir ser honesta sobre meus sentimentos.
Não é apenas uma questão de covardia. Eu simplesmente sinto que não posso contar a ele que estou provavelmente apaixonada. Acho que ele poderia rir de mim, caçoar, ou algo pior.
É difícil não acreditar que, como sempre, minha aparência atrapalharia tudo.
Meu irmão fez um ótimo trabalho ao me fazer acreditar que ninguém nunca me acharia minimamente bonita, ainda que, para muitos, eu fosse uma das meninas mais bonitas da classe, independente de não ser um manequim 38.
Sempre com vestidos que valorizavam minhas curvas exuberantes, em sua maioria de tecidos em tons pastéis, como eu amo, cheios de laços e renda, em um estilo clássico e romântico ao mesmo tempo, eu costumava chamar atenção de todos.
Porém, os resquícios de um comportamento abusivo deixam marcas às vezes impossíveis de apagar.
E, durante o dia, enquanto me preparava para a festa de 24 anos do Lucas, todas essas questões criaram raízes na minha mente.
Paixão, insegurança, coragem, tudo se embolava em um ciclo interminável, onde a solução estava única e exclusivamente nas minhas mãos, enquanto eu me olhava no espelho.
A porta do quarto se abriu e eu me assustei, dando um pequeno salto para trás. Minha colega de quarto me olhou de cima a baixo, boquiaberta.
— Uau, Liv! — Exclamou Natália. — Se eu fosse solteira, poderia pensar em te dar uma chance. — Piscou ao brincar comigo, e eu sorri, envergonhada.
Tenho dificuldade de aceitar elogios, ainda que os ouça com frequência.
— Acha que exagerei? — Deslizei a mão sobre o vestido de veludo preto, tirando alguns amassados. Ele tinha uma fenda na lateral da coxa direita, com um belo decote no busto.
— Pelo que sabemos dos Salvatore, acho que talvez esteja arrumada de menos. — Natalia retirou um cigarro da carteira surrada e a jogou sobre a cama, apoiando-se sobre a janela do dormitório.
Franzi o cenho, preocupada ao ouvi-la, mas Natalia continuou a falar: — Você está ótima, de verdade. Eles que são exagerados. Quer dizer, a mãe do Lucas que dizem ser bem esquisitona.
— Todo mundo fala isso, ainda acho que pode ser um exagero. — Vesti o salto alto preto, colocando uma tiara que combinava com o vestido no topo da cabeça.
Eu não sabia o que pensar de qualquer pessoa da família do Lucas, afinal, não tinha conhecido nenhum deles. Ao contrário de muitas famílias ricas, eles eram reservados até demais.
Não saíam em manchetes, não havia escândalos ou a mínima fofoca que seja. Seriam anônimos, se não fossem praticamente donos da faculdade pela quantia exorbitante que doavam anualmente.
E esse era um dos motivos pela minha ansiedade em ir nessa festa. Isso, e o fato de ter escolhido esse dia como a oportunidade que teria para declarar meus sentimentos para Lucas.
Por isso me preparei quase durante o dia inteiro. Vesti minha melhor roupa e fiz questão de ensaiar mentalmente tudo o que deveria dizer quando tivesse a chance.
Durante o caminho, continuei tentando não esquecer as palavras perfeitamente escolhidas para o momento. Porém, no instante em que o carro do motorista de aplicativo chegou no portão da residência Salvatore, foi como se eu tivesse entrado em um estado de dormência.
Os seguranças verificaram meu nome na lista e me indicaram o caminho que faria andando até a casa. Por um momento, acreditei que aquele fosse um segundo campus de tão grande.
Alguns minutos foram necessários para percorrer o caminho de pedras, que, ,, não era nada fácil de caminhar usando um salto fino.
E assim que o som da música agitada encontrou minha audição, soube que havia chegado.
Em uma entrada alternativa, diferente da porta principal da mansão, havia alguns empregados para recepcionar os convidados. Naquele momento, eu entendi o que Natalia quis dizer.
Era tudo… extravagante demais. Cores fortes, lustres e objetos exagerados, até mesmo um tanto exóticos. Formas geométricas irregulares e quadros com pinturas artísticas um tanto ousadas.
Os quadros, no entanto, eram tão bonitos que destoavam do restante da decoração, chamando a minha atenção por um longo tempo, me mantendo presa nas cores um tanto ofuscadas pela iluminação intensa, mas ainda transmitindo a paixão vibrante nos traços.
Permaneço estática por alguns segundos, completamente imersa nas obras expostas sem pudor algum, exibindo o amor entre um casal em sua forma mais crua.
O ambiente abafado se enchia de mais convidados a cada segundo que passava. Eu me sentia deslocada em meio a tantos rostos desconhecidos, aguardando ansiosa para encontrar quem havia esperado o dia inteiro, até que eu o vi.
DedicatóriaQuando comecei a escrever essa história, eu era outra. Animada e cheia de expectativas, esqueci que a vida tem das suas pegadinhas. Tive momentos difíceis, onde achei que não fosse superar e que me fizeram ficar meses sem atualizar, e por isso, peço desculpa mais uma vez aos leitores pela ausência. Mas, no entanto, como os personagens, fui lembrada diariamente de que a vida não é perfeita, mas tem seus momentos que fazem valer a pena. Não é fácil, mas não precisa ser fácil pra ser bonito quando precisa ser. Escrevi essa história para alguns que podem achar que é tarde demais, para mostrar que amor de mãe nasce no peito também, e que nunca podemos pensar que não há mais chance de viver o que merecemos. Espero que essa história tenha te levado algo bom, e agradeço por ter amado Olivia e Dante tanto quanto eu. Com carinho, Lia Oliver.____________________________________________Olivia FernandesEu sempre achei que o casamento fosse aquele momento do filme em que tudo se
Dante SalvatoreA galeria estava vazia, o silêncio cortado apenas pelo som baixo de um soul antigo tocando nos alto-falantes discretos espalhados pela cobertura. O terraço parecia uma cena tirada de um filme: luzes amarelas penduradas por fios quase invisíveis cruzavam o teto sob a lona translúcida. O ar quente da noite de verão deixava tudo com um peso gostoso, quase íntimo.Foi aqui que eu quis trazer ela. Pra lembrar o que é estar só nós dois. Sem Leo no colo. Sem planos pra amanhã. Só pele. Só desejo.Quando ouvi o som leve dos passos dela subindo, me virei com um sorriso. E quase perdi o fôlego.— Tá tudo muito bonito aqui — ela disse, surgindo na porta com aquele sorriso meio desconfiado, meio encantado. Estava usando um vestido leve, o cabelo preso no alto com algumas mechas soltas que emolduravam o rosto.— Eu queria impressionar — brinquei, indo até ela e pegando sua mão. — E me redimir um pouco por ter te roubado de Leo por uma noite inteira.— Falando nisso… — ela me olhou
Olivia FernandesA primeira coisa que me disseram sobre o que aconteceu com Ester foi que ela sobreviveu.A segunda, que ela escolheu ir embora.Dante não entrou em detalhes. Só disse que, depois que a equipe de resgate conseguiu tirá-la da ponte, ela ficou em observação alguns dias e, no primeiro momento de lucidez, assinou os documentos cedendo a guarda total do Leo e recusou qualquer tipo de contato.Ela não queria ajuda. Não queria acompanhamento, nem tratamento. Apenas silêncio. Um desaparecimento. Um adeus, não dito, mas definitivo.Dante, claro, ofereceu o que pôde. Conversou com os médicos, com os advogados, fez o que era certo mesmo sem saber se aquilo ainda adiantava. Mas, no fim, Ester só queria desaparecer.E foi o que ela fez.Por alguns dias, me perguntei se era cruel demais pensar com alívio ao imaginar que ela tinha ido embora. Depois disso, a vida não mudou de repente, mas aos poucos, como um animal assustado que começa a sair do esconderijo, se acostumando com o toq
DanteMeu dedo apertava o botão de chamada de novo, e de novo. Nada.O celular da Ester só ia pra caixa postal. Eu tentei o número da babá, o telefone fixo do antigo apartamento, até o porteiro. Tudo sem resposta.O apartamento estava vazio.Sem sinal de ninguém. Sem vestígios do bebê. Sem Leo.Senti a mão suar enquanto saía do prédio, o estômago embrulhado em um aperto que fazia parecer que a última refeição tinha sido há dias. Na verdade, eu nem me lembrava se tinha comido alguma coisa naquele dia.Entrei no carro e fechei a porta com mais força do que pretendia.Disquei o número da Olivia, mesmo sem saber o que ia dizer. Quando ela atendeu, meu coração pulou no peito, como se uma parte de mim estivesse esperando que ela dissesse que estava tudo bem — que o Leo tinha sido deixado por ali, que estava comigo o tempo todo e que isso era só um mal-entendido.Mas não era.— Liv...— Dante? O que aconteceu? Você tá com uma voz estranha.— Ela não tá lá — minha voz saiu engasgada. — Eu fui
DanteAs últimas semanas tinham sido mais tranquilas do que eu esperava — e, ao mesmo tempo, cheias de pequenas rachaduras que eu fingia não ver. A calmaria, pra mim, sempre foi um aviso. Como se o mundo estivesse respirando me preparando antes de mergulhar outra vez no caos.Ester tinha insistido em voltar à rotina mesmo sem estar completamente recuperada. Primeiro, tentou convencer o Conselho de que estava pronta pra retomar o cargo na Glass. Queria aparecer nos eventos, fazer reuniões com sócios, soltar notas à imprensa. Mas não colava mais.A verdade é que nem a empresa a queria por perto. A diretoria já não disfarçava o incômodo com a forma como ela tratava os funcionários. As reclamações eram frequentes. Falta de empatia, comentários agressivos, decisões impulsivas. A imagem pública dela estava se deteriorando — e isso, pra alguém como Ester, era o pior tipo de castigo.Eu já tinha tomado minha decisão. Entrei na galeria de arte do Eduardo com os dois pés, sem medo algum de dar
OliviaA vida estava começando a encontrar seu próprio ritmo de novo. Depois de choros intermináveis, sensações eufóricas de recomeços e um medo avassalador... tudo parecia estar se encaminhando para o normal.Depois da formatura, aquele susto com Ester aparecendo mesmo debilitada e os primeiros passos após deixar a Glass para trás, Dante e eu finalmente pudemos respirar um pouco longe de toda essa bolha caótica. Ou pelo menos foi o que tentamos acreditar para não enlouquecer sem conseguir prever qual seria o próximo passo do jogo que chamamos de vida.Fiz algumas entrevistas de emprego. Empresas grandes, outras menores. E depois da indicação do namorado de Zayn - é, estava sério assim - eu visitei o colégio onde ele trabalha como contador. É uma escola particular, nada gigantesco ou cheio de gamour como o estágio na Glass, mas de alguma forma, me cativou. Era um prédio bonito, crianças correndo pelos correndo pelos corredores, professores exaustos e sorridentes enquanto os menores os
Último capítulo