Os dias seguintes pareciam se mover em câmera lenta, como se a vida, de repente, tivesse aprendido a respirar com mais calma. A presença de Rafael, mesmo sem palavras ou promessas, ficava rondando o ar da casa azul como perfume que não se esquece.
Lívia continuava suas tarefas diárias, mas tudo tinha outro ritmo. O som do vento batendo nas janelas parecia diferente. O pôr do sol ficava mais longo. Até os silêncios pareciam carregados de algo mais… algo que ela ainda não sabia nomear, mas sentia no peito.
E então veio aquela noite.
Uma noite sem pressa, como se tivesse sido criada apenas para os dois.
Rafael apareceu no portão depois do jantar, com uma cesta nas mãos e um semblante menos fechado do que o habitual. Vestia uma camisa de linho, as mangas dobradas até o antebraço. Tinha barba por fazer e o olhar… o olhar era o mesmo: fundo, silencioso, mas agora um pouco mais aberto. Um pouco mais dele.
— Trouxe pão de queijo e vinho — disse, simples. — Achei que talvez… quisesse dividir o