A imagem na tela ainda queimava minha retina como se tivesse sido gravada a ferro. Baran, ajoelhado, com os braços presos atrás do corpo, a cabeça erguida, o olhar endurecido… e atrás dele, Melek, segura, vitoriosa, cruel. A arma apontada para sua nuca parecia real demais, a luz da cena era tênue, mas nítida. A expressão de Baran dizia tudo: ele sabia que eu veria aquela foto. E não queria que eu perdesse o controle.
Mas eu perdi.
O celular escorregou da minha mão e caiu no chão. Senti minhas pernas fraquejarem. Apoiei-me na parede do corredor, arfando, tentando buscar ar onde não havia. Meu coração pulsava em um ritmo insuportável, e meu corpo inteiro tremia. O quarto parecia girar ao meu redor.
Eu queria gritar. Queria correr até ele. Queria invadir cada maldita ruela de Istambul se fosse necessário. Mas não sabia onde ele estava. E essa era a parte mais desesperadora.
Peguei o celular novamente com mãos trêmulas. A foto desapareceu. Mensagem deletada. Sem remetente. Sem possibilida