Eu não dormi naquela noite.
Nem ele.
A casa estava mergulhada em um silêncio espesso, interrompido apenas pelas batidas do meu coração acelerado. As palavras de Baran ecoavam dentro da minha cabeça como uma sentença sem apelação: “Ou você me escolhe de vez, ou volta pra sua vida segura.”
Que tipo de escolha era essa?
Naquela madrugada, eu vaguei pela casa, sem conseguir encarar o quarto onde tínhamos feito amor algumas horas antes. O lençol ainda estava bagunçado, com o perfume dele espalhado pelos travesseiros. Minhas pernas ainda doíam de prazer. E mesmo assim, tudo em mim parecia despedaçado.
Entrei na cozinha e abri uma garrafa de vinho — a mesma que ele havia trazido de uma vinícola escondida na Capadócia, semanas antes. O gosto amargo na boca era culpa da dúvida, não da bebida.
Acordei com Baran entrando devagar, a expressão cansada. Usava apenas uma calça de moletom cinza, o cabelo bagunçado, e os olhos… ah, os olhos estavam mais escuros que nunca.
— Você não dormiu — ele falou