É só trabalho! Só que não...
Ana
Eu repeti pra mim mesma umas cinco vezes: é só trabalho.
Como se falar isso bastasse pra enganar o coração idiota que tava dando pirueta dentro do peito.
Desde que Lex apareceu de novo no abrigo, minha cabeça virou um liquidificador.
A última coisa que eu queria era precisar da ajuda dele.
Mas ele apareceu ali, todo arrumado, falando bonito, e me pedindo pra fingir ser namorada dele de novo.
Dessa vez, pra um jantar de negócios.
Jantar esse que, segundo ele, “pode decidir o futuro da empresa dele”.
E eu lá queria saber de empresa?
Mas no final, aceitei.
Talvez pra provar pra mim mesma que eu ainda tinha algum controle.
Talvez porque uma parte de mim ainda queria vê-lo — mesmo que eu fingisse que não.
O abrigo estava lotado, abafado, e com cheiro de café e desinfetante.
As pessoas conversavam, riam, umas choravam baixinho…
E eu, sentada no meu colchão fino, tentava achar graça da ironia: eu, que já tinha um emprego, um teto e um plano, agora me preparando pra fingir ser