É só atuação, Ana. Só atuação!
Ana
Eu devia ganhar um Oscar.
Sério.
Pelo simples fato de não sair correndo quando o carro parou em frente ao restaurante.
A fachada era tão chique que eu me senti uma invasora só de olhar.
Luz amarelada, gente bem vestida, garçons com cara de quem nunca errava um pedido.
E eu ali, tentando convencer a mim mesma de que estava pronta.
“É só atuação, Ana. É só atuação.”
Repeti pela milésima vez, enquanto descia do carro, ajeitando o vestido que insistia em subir cada vez que eu respirava fundo.
Quando entrei, o cheiro de vinho caro e perfume importado me fez lembrar o quanto eu estava fora do meu mundo.
Mas aí eu o vi.
Lex.
Sentado à mesa, todo elegante, terno escuro, relógio caro, aquele olhar firme de quem manda no ambiente.
Ele levantou assim que me viu — e eu juro que o tempo deu uma engasgada.
O salão cheio, o barulho de talheres, tudo ficou embaçado por um segundo.
Ele sorriu.
E pronto.
Minha sanidade evaporou.
— Ana— ele disse, com aquela voz grave que parecia feita pra bagunçar