Ana
Tava tentando ler pra distrair a cabeça, mas meu cérebro só conseguia repetir a mesma cena de antes, tipo um vídeo preso no replay: o quase-beijo no meio da sala, o toque que não aconteceu, e o maldito telefone que tocou bem na hora certa — ou errada, depende do ponto de vista.
Fiquei virando as páginas sem ler nada, olhando pro teto e fingindo que não tava surtando. Spoiler: eu tava.
Aí veio a batida na porta.
— Ana? — a voz dele atravessou a madeira, firme, mas leve. — A Marlene já preparou o jantar.
Meu coração deu um pulinho.
Respirei fundo, joguei o livro longe e tentei parecer uma pessoa normal.
— Já tô descendo! — respondi, fingindo que não demorei dez segundos pra encontrar o espelho e ajeitar o cabelo.
Desci as escadas com o estômago dando cambalhotas.
Lex tava me esperando no pé da escada, de camisa escura e as mangas dobradas até o cotovelo.
Bonito demais pra alguém que dizia estar “relaxando em casa”.
— Achei que você fosse se esconder — ele brincou, com aquele sorrisi