Ana
Voltei pra casa com o humor de quem tomou um banho de chuva sem guarda-chuva e ainda tropeçou na própria sombra.
As entrevistas tinham sido uma comédia de erros — tipo aquelas que a protagonista só se ferra, mas o público ri. O problema é que, no caso, a protagonista era eu.
Larguei a bolsa no sofá e joguei o currículo em cima da mesa, com raiva.
— Grupo Cavalcante pra cá, Grupo Cavalcante pra lá — murmurei. — Se eu abrir a geladeira e tiver “Manteiga Cavalcante”, eu surto.
Andei de um lado pro outro pela sala, bufando. Não sabia se ria ou se chorava. Era oficial: o homem era dono de metade da cidade. E, aparentemente, da minha sanidade também.
Respirei fundo, tentando me acalmar.
“Ok, Ana. Respira. É só coincidência… ou não. Mas, ainda assim, respira.”
O relógio marcava quase sete da noite quando ouvi a porta se abrindo.
Lex entrou, com a jaqueta pendurada no braço, o cabelo bagunçado e aquele ar de quem acabou de sair de uma reunião milionária.
— Oi — ele disse, sorrindo de le