Ana
As risadas das últimas mesas iam sumindo aos poucos, e o restaurante estava quase vazio. As luzes agora eram mais suaves, douradas, refletindo nas taças e dando aquele clima de “fim de noite que não quer acabar”.
Lex ainda estava sentado na minha frente, com o paletó aberto, a gravata meio solta e aquele olhar calmo de quem parecia ter tudo sob controle — o que me irritava e atraía na mesma proporção.
O garçom recolheu os pratos, e eu brinquei com o guardanapo, tentando fingir que não estava sem graça. A noite toda tinha sido uma confusão de elogios, olhares e um clima que eu não sabia se era profissional, amigável ou perigoso.
— Você tá quieta demais — ele disse, inclinando um pouco a cabeça. — Isso é bom ou ruim?
— É bom. Significa que tô tentando não falar besteira depois do vinho.
— Duvido que você fale besteira. — Ele apoiou o cotovelo na mesa, com aquele sorriso pequeno, quase preguiçoso. — Aliás, se não fosse pelas suas “besteiras”, eu provavelmente teria perdido o contrat